As estranhas nuvens de Vênus
As estranhas nuvens de Vênus são uma das características mais marcantes do planeta. Podemos ver a superfície de Marte e Mercúrio, mas a superfície de Vênus está coberta por nuvens espessas. Durante a maior parte da história, cientistas imaginaram um mundo tropical com chuvas constantes.
O clima de Vênus não é tropical: é infernal. As temperaturas na superfície de Vênus se aproximam de 475°C e a pressão atmosférica é 93 vezes a que você experimenta aqui na Terra. A atmosfera de Vênus é feita quase inteiramente de dióxido de carbono, e não há uma mistura de oxigênio/nitrogênio que temos aqui na Terra.
As nuvens que vemos em Vênus são compostas de dióxido de enxofre e gotas de ácido sulfúrico. Estas nuvens refletem cerca de 75% da luz solar incidente e são completamente opacas. Apenas uma fração da luz solar atinge a superfície. São estas nuvens que bloqueiam nossa visão da superfície de Vênus. Se você pudesse ficar na superfície de Vênus, tudo pareceria pouco iluminado, com uma visibilidade máxima de cerca de 3 km.
As nuvens mais externas de Vênus estão entre 60-70 km de altitude. Esta é a parte de Vênus que vemos nos telescópios e nas fotografias de luz visível do planeta. As nuvens em Vênus produzem chuva de ácido sulfúrico. Essa chuva nunca chega ao chão, no entanto. As altas temperaturas evaporam as gotas de ácido sulfúrico, fazendo com que subam novamente para as nuvens.
Observações do planeta através de sondas já detectaram raios saindo das nuvens em um processo semelhante ao que temos na Terra. As primeiras detecções de descargas elétricas foram feitas pelas sondas Venera soviéticas e posteriormente confirmadas pela sonda Venus Express da ESA.
Um dos maiores mistérios de Vênus é o motivo pelo qual suas nuvens se movem a uma velocidade tão alta. A atmosfera superior de Vênus pode das a volta ao mundo a cada quatro dias na Terrestres. No entanto, um dia em Vênus (uma rotação completa do planeta) dura 243 dias terrestres.
As agências espaciais nunca mantiveram uma espaçonave funcionando na superfície de Vênus por mais de 127 minutos, o que foi realizado pelo Venera 13 dos soviéticos. As temperaturas no solo são quentes o suficiente para derreter chumbo, estanho e zinco; a pressão atmosférica seria como mergulhar a mais de 800 metros abaixo da superfície do oceano na Terra. Porém, não precisamos necessariamente alcançar a superfície do planeta; ainda podemos aprender muito sobre o nosso misterioso vizinho apenas chegando perto.
Missões para Vênus estão sendo consideradas para lançamento na próxima década. Northrop Grumman, por exemplo, quer que a NASA dê o “sinal verde” para o desenvolvimento de uma espaçonave chamada Plataforma Venus Atmospheric Maneuverable Platform, que viajaria pelas nuvens procurando sinais de vida alienígena.
Vida nas nuvens de Vênus
Na década de 1960, Carl Sagan publicou um estudo onde sugeriu que a vida alienígena poderia estar escondida nas nuvens de Vênus. Segundo a pesquisa, misteriosas manchas escuras - chamadas "absorvedores desconhecidos" - absorvem grandes quantidades de radiação solar UV, que os cientistas pensam que poderiam servir como combustível para a vida.
Graças a observações recentes, os cientistas descobriram algumas evidências estranhas que indicam que Sagan pode estar certo. Essas manchas parecem estar direcionando os padrões climáticos de maneiras difíceis de explicar. Alguns cientistas dizem que as partículas que compõem as manchas escuras nas nuvens podem até se parecer com microrganismos em nossa própria atmosfera.