As mulheres são mais eficientes que os homens no espaço?
Os homens têm sido a maioria na história da exploração espacial. Mas o futuro pode mudar os números. Novos estudos sugerem que levar mulheres ao espaço traz grandes benefícios para as missões.
Desde que os humanos começaram a se aventurar no espaço sideral, a maioria dos astronautas são homens. De fato, os números são impressionantes. Desde o voo da pioneira soviética Valentina Tereshkova em junho de 1963, somente 75 mulheres viajaram ao espaço, em comparação com quase 600 astronautas homens.
Porém, nos últimos anos, as mulheres vêm ocupando um lugar cada vez mais importante na exploração espacial. E parece que quando se trata de trabalhar fora da atmosfera da Terra, as mulheres podem ter uma vantagem sobre os homens.
De acordo com um estudo realizado pela equipe de medicina espacial da Agência Espacial Europeia e publicado na revista Nature, as mulheres seriam mais resistentes às consequências negativas de um voo espacial -como a perda de massa óssea e muscular e alterações no ritmo circadiano- e mais eficientes em termos de consumo de energia.
O trabalho analisou a relação entre tamanho e peso corporal e os recursos necessários para manter o corpo saudável no espaço. Especificamente, concentrou-se em “exercícios de contramedidas” (aqueles que os astronautas devem realizar para combater os efeitos fisiológicos negativos de estar no espaço sideral) ao estimar os recursos de suporte à vida.
Para todos os parâmetros de consumo analisados, em todas as estaturas médias de homens e mulheres, as estimativas foram mais baixas para astronautas mulheres do que para os homens. E isso não significa apenas um menor consumo de recursos, mas também representa, é claro, um menor custo.
Uma questão de peso: a economia
As agências espaciais realizam cálculos milimétricos de todas as variáveis em jogo. Assim, por exemplo, a NASA sabe que o custo médio de levar cargas – tudo o que vai para o espaço, como robôs, telescópios, instrumentos científicos, câmeras e pessoas – para a estação espacial é de 93.400 dólares por quilo.
O estudo da Agência Espacial Europeia faz cálculos matemáticos para indicar que uma missão de 1.080 dias composta por apenas 4 mulheres exigiria 1.695 quilos a menos, o que equivale a uma economia de 158 milhões de dólares por ano.
Ao mesmo tempo, devido ao tamanho menor dos corpos, poderiam ser economizados 2,3 metros cúbicos de volume, o que equivale a 4% do volume habitável de um módulo da estação espacial de órbita lunar Gateway da NASA, cujos espaços são mais estreitos.
Em espaços de trabalho reduzidos, uma tripulação exclusivamente feminina pode ser mais eficiente devido à sua menor estatura e tamanho. Os dados do estudo sugerem que pode haver vantagens operacionais em missões exclusivamente femininas.
Apesar dos avanços na igualdade de gênero, ainda existe uma lacuna na exploração espacial. No entanto, parece que as mulheres podem ter uma vantagem no espaço, pelo menos em alguns aspectos. A NASA já anunciou planos para enviar a primeira missão tripulada exclusivamente feminina para a Estação Espacial Internacional em 2024.