Asteroide Apophis pode atingir a Terra em 2029: o que você precisa saber

Em 13 de abril de 2029, o asteroide Apophis passará a apenas 32 mil quilômetros da Terra. Desde a sua descoberta em 2004, ele tem causado preocupação devido à curta distância de aproximação.

asteroides, Terra
Uma ilustração mostra a sonda OSRIS-APEX observando o asteroide Apophis passar pela Terra em 2029. Crédito: Robert Lea/NASA.

Oficialmente conhecido como 99942 Apophis, este objeto é um asteroide que tem chamado a atenção de cientistas e entusiastas desde a sua descoberta em 2004. Seu nome vem do deus egípcio do caos e da destruição.

Com um tamanho aproximado de 375 metros de largura, o que o torna comparável em tamanho a um grande navio de cruzeiro, é composto principalmente de rocha, metal e outros materiais comuns em asteroides.

trajetória orbital do asteroide Apophis
A trajetória orbital do asteroide Apophis pode mudar ligeiramente sua trajetória devido à gravidade da Terra quando se aproximar de 32 mil quilômetros da superfície. Crédito: NASA.

Para entender um pouco a preocupação, devemos dizer que ele estará mais próximo da Terra do que muitos dos nossos satélites em órbita. E embora inicialmente houvesse preocupações sobre uma possível colisão, observações mais recentes descartaram esta possibilidade num futuro próximo, pelo menos nos próximos 100 anos.

Esta abordagem é uma oportunidade única para estudar e monitorar um asteroide sem ter que enviar uma missão às profundezas do espaço. Durante a sua aproximação, a gravidade da Terra poderia alterar a sua órbita e rotação, fornecendo dados valiosos sobre a formação e evolução dos asteroides.

NEOs: objetos próximos à Terra

Os NEOs são asteroides e cometas que têm órbitas próximas da Terra. Eles são classificados em duas categorias principais: asteroides próximos à Terra (NEAs) e cometas próximos à Terra (NECs). Devido à sua proximidade, os NEAs são muito mais comuns que os NECs.

Seja qual for o tipo de objeto, eles são classificados de acordo com sua distância mínima de intersecção orbital (MOID, na sigla em inglês) com a Terra:

  • PHA (Potentially Hazardous Asteroids): asteroides potencialmente perigosos que têm um MOID de 0,05 unidades astronômicas (aproximadamente 7,5 milhões de quilômetros) ou menos, e um diâmetro de mais de 140 metros.
  • NEAs (Near-Earth Asteroids): asteroides cuja órbita os leva a menos de 1,3 unidades astronômicas do Sol.

O monitoramento de NEOs é uma tarefa crucial para a defesa planetária, por isso diversas estratégias e tecnologias têm sido implementadas para sua localização e estudo, como o uso de telescópios na Terra e no espaço, como o telescópio Pan-STARRS no Havaí e o telescópio espacial NEOWISE da NASA.

Organizações como a NASA e a ESA (Agência Espacial Europeia) estabeleceram redes globais de observação. Enquanto a agência norte-americana possui o programa Near-Earth Object Observations (NEO), a agência europeia possui o programa Space Situational Awareness (SSA).

Missões de Exploração e Desvio

Além das simulações e modelos computacionais que se utilizam para prever as órbitas dos NEOs e avaliar o risco de impacto, as duas agências planejaram missões para estudar o Apophis antes, durante e depois da sua aproximação, bem como outros objetos potencialmente perigosos.

A missão OSIRIS-REx, que retornou recentemente com amostras do asteroide Bennu, foi renomeada como OSIRIS-APEX e seguirá em direção ao Apophis, com chegada prevista para abril de 2029 para analisar as mudanças em sua superfície causadas pela interação com a gravidade da Terra.

Três observatórios espaciais
Três dos observatórios que participaram de um exercício de defesa planetária em 2021: o Radar Planetário Goldstone da NASA, o Telescópio Mount Lemmon do Catalina Sky Survey e a missão NEOWISE da NASA. Créditos: NASA/JPL-Caltech/Universidade do Arizona.

Por outro lado, a ESA está desenvolvendo a missão Ramsés, a qual planeja lançar em abril de 2028 para chegar a Apophis em fevereiro de 2029. Ramsés observará os efeitos da passagem próxima da Terra em tempo real, fornecendo uma visão detalhada de como as forças externalidades podem modificar um asteroide.

Algo que se tem em mente desde a ficção científica do século passado é o desvio de objetos potencialmente perigosos. Precisamente, a missão DART (Double Asteroid Redirection Test) da NASA é uma missão para desviar asteroides. Em 2022, DART impactou com sucesso o asteroide Dimorphos, demonstrando que é possível alterar a órbita de um asteroide.

O que podemos esperar no futuro?

A tecnologia de monitoramento de NEOs está em constante evolução. Novos telescópios estão em desenvolvimento para melhorar a nossa capacidade de detectar e rastrear estes objetos. Por exemplo, o telescópio espacial NEO Surveyor da NASA, com lançamento previsto para 2026, foi projetado para encontrar e caracterizar NEOs.

A colaboração internacional é fundamental para a defesa planetária. A NASA, a ESA e outras agências espaciais trabalham em conjunto para compartilhar dados e coordenar esforços. Além disso, estão sendo estabelecidos protocolos internacionais para responder a possíveis ameaças de impacto.

A educação e a conscientização pública também são importantes. Programas educativos e campanhas de sensibilização ajudam a informar o público sobre os NEOs e as medidas de defesa planetária. Isto é crucial para garantir apoio e financiamento contínuos para estas iniciativas.

O asteroide Apophis e os NEOs, em geral, representam um desafio e uma oportunidade para a humanidade. A abordagem do Apophis em 2029 será um evento emocionante que nos fornecerá uma riqueza de dados valiosos e ajudará a nos prepararmos melhor para ameaças futuras.