Astrônomos ficam perplexos ao encontrar buraco negro solitário

Cientistas encontram pela primeira vez um buraco negro solitário, sem estrela companheira. Tudo indica que buracos negros desse tipo são abundantes e vagam perigosamente por toda a galáxia.

Astrônomos ficam perplexos ao encontrar buraco negro solitário
Cientistas detectam pela primeira vez um buraco negro solitário, e tudo indica que eles são numerosos. O sistema solar pode estar em perigo. (imagem: Gerd Altmann)

Buracos negros são objetos tão massivos que sua força gravitacional atinge valores inimagináveis - Tão potentes que nem a luz pode escapar, fazendo com que o objeto seja completamente escuro para nós e, portanto, extremamente difícil de se detectar.

A maneira mais comum de se encontrar um buraco-negro é pela interação que ele tem com outros objetos - Por exemplo, quando uma estrela orbita um ponto aparentemente vazio, pode ser que lá haja um buraco negro. Estes objetos extremos também podem ser detectados quando sugam material ao seu redor, ou quando colidem com outros objetos, gerando explosões colossais capazes de distorcer o próprio espaço-tempo.

Agora, pela primeira vez, astrônomos foram capazes de detectar um buraco negro solitário, que não está interagindo com nenhuma estrela ao seu redor. A descoberta, publicada na Nature, foi um feito científico extraordinário e nos ajuda a compreender como estes objetos povoam a galáxia - E como podem ameaçar a existência do sistema solar.

Como astrônomos conseguiram detectar o indetectável?

Este feito heroico foi realizado através de dez anos de observações, utilizando tanto o Telescópio Espacial Hubble, da NASA, quanto vários outros observatórios terrestres. Os pesquisadores procuraram por estrelas que pareciam se iluminar sem motivo aparente, como se uma lente de aumento fosse colocada na sua frente.

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Objetos tão massivos quanto buraco-negros são capazes de desviar a luz de estrelas distantes de maneira muito característica, causando este efeito de magnificação (microlensing) por um longo período de tempo. Com isto em mente, a equipe selecionou oito objetos candidatos e, ao longo de seis anos, utilizou o Hubble para medir desvios quase imperceptíveis de luz.

Usando equações derivadas pela primeira vez por Albert Einstein em 1915, os pesquisadores foram então capazes de calcular a massa dos objetos, concluindo sem sombra de dúvidas que um deles é um buraco-negro. Observatórios terrestres ajudaram a identificar sua distância: Está a 5150 anos-luz da Terra.

Deve haver 100 milhões de buracos negros desse tipo na galáxia, eles devem estar em todo o lugar, mas é muito difícil encontrá-los - Kailash Sahu, do Space Telescope Science Institute.

Hoje, acredita-se que buracos negros solitários sejam comuns e extremamente abundantes em nossa galáxia, formando-se sempre que uma estrela com mais de 20 massas solares chega ao fim de sua vida. Isto pode, em algum momento futuro, representar um risco para nosso planeta e nosso sistema solar.

Caso um buraco negro massivo se aproxime de nós, o perigo maior NÃO é ser engolido: Sua força gravitacional é tão potente que o objeto poderia catapultar os planetas do sistema solar para longe do Sol com facilidade - condenando a Terra a um futuro de frio extremo e escuridão eterna.

A equipe já tem outros três candidatos promissores para examinar. À medida que mais descobertas surgem, será mais fácil identificar e mapear buracos-negros ao nosso redor, através de métodos convencionais ou não. A ciência deu um grande passo, mas muitas questões ainda permanecem em aberto.