Boletim Copernicus da União Europeia indica que o último mês foi o novembro mais quente da história
Boletim climático emitido pelo programa Copernicus, da União Européia, indica que o mês esteve 0,85°C acima da média e 1,75°C mais quente do que em períodos pré-industriais. O Brasil também está incluso nisso.
Novembro de 2023 foi o novembro mais quente já registrado no planeta, com uma temperatura média de 14,22°C em superfície, o que significa que estamos 0,85°C acima da média dos últimos 30 anos e 0,32°C acima do último recorde de novembro mais quente, que aconteceu em 2020.
Esta é a conclusão do Boletim climático mais recente emitido pelo Programa Copernicus, implementado pelo ECMWF em iniciativa da União Europeia. O programa coleta dados meteorológicos globais, processa, analisa e disponibiliza os resultados como um conjunto de dados conhecido como ERA5.
Ainda de acordo com o boletim, todos os últimos meses de 2023 foram recordes globais. A anomalia de temperaturas de Novembro só ficou abaixo da de Setembro, que esteve 0,93°C acima da média. Novembro, como um todo, esteve 1,75°C mais quente do que o planeta estava em períodos pré-industriais.
A temperatura média da superfície do mar também foi a mais alta já registrada para novembro, com a continuidade do El Niño no Pacífico equatorial; e o Outono de setembro a novembro foi o Outono mais quente da história, com uma temperatura média de 15,30°C, que está 0,88°C acima da média.
Num geral, os dados do ERA5 indicam que as temperaturas médias dos últimos 12 meses ao redor do planeta estiveram:
- Acima da média de 1991-2020 na maior parte da Terra;
- Acima da média em toda a Europa, exceto Islândia, Noruega e Suécia;
- Acima da média também na maior parte da América do Norte, Groenlândia, África (particularmente no noroeste), Ásia e na maior parte da América do Sul e Antártida Oriental;
- Muito acima da média em alguns mares ao redor da Antártica e no setor europeu do Ártico, e em grande parte do Pacífico Norte, parte do Pacífico Sul, o Atlântico e o sudoeste do Oceano Índico;
- Muito acima da média no Pacífico equatorial oriental, onde houve uma transição no início do período de La Niña para o atual evento El Niño;
- Abaixo da média em algumas áreas oceânicas, particularmente em parte do sudeste do Oceano Pacífico;
- E um pouco abaixo da média em regiões pequenas, como partes da Austrália, Antártica e oeste da América do Norte.
O aquecimento global está afetando o Brasil?
A resposta mais curta é sim. Isso ficou particularmente claro para quem presenciou as recentes ondas de calor que têm assolado diversas regiões do país com temperaturas que ultrapassaram os 40°C.
Num geral, as temperaturas ficaram muito superiores à média no norte e no centro da América do Sul, não só no Brasil como também na Bolívia e no Paraguai. As altas temperaturas em solo Brasileiro estiveram inclusive associadas à condições excepcionalmente secas na bacia amazônica.
No início de Junho de 2023, um cálculo preliminar indicou que a temperatura média global do ar em superfície havia atingido 1,5°C acima do nível pré-industrial pela primeira vez. Na época, o acontecido virou notícia e foi bastante divulgado na mídia. No entanto, o que havia sido um breve pico já se tornou realidade diária - Desde o dia 6 de Setembro, o planeta tem estado acima dos 1,5°C todos os dias.
Ondas de calor e recordes de altas temperaturas durante Setembro aconteceram em diversos locais do planeta, não apenas no Brasil. Outros países da América do Sul, América do Norte, Ásia e Antártida também registraram picos, o que fez com que a temperatura global atingisse uma anomalia de mais de 2°C acima do nível pré-industrial durante dois dias.
Isso reforça que as temperaturas, tanto brasileiras quanto globais, estão aumentando em velocidades preocupantes. E não é apenas o Programa Copernicus que relata esse aumento - existe um acordo geral entre os conjuntos de dados de todo o mundo. Só falta o mais importante: pressionar governos e grandes indústrias a tomar alguma atitude.
Referência:
Surface air temperature for November 2023, Copernicus Climate Change Service / ECMWF / ERA5, 2023.