Calor úmido ou seco, qual é pior para saúde?

Este é o grande debate do verão e a resposta não é tão simples como parece. Ambos os tipos de calor podem ser prejudiciais à saúde, mas de maneiras diferentes.

calor, sensação térmica
Seja úmido ou seco, qualquer tipo de calor é mortal.

A eterna batalha. A sensação de calor é pior em Manaus com 30°C e 80% de umidade em localidades do Centro-Oeste com mais de 40°C e 20% de umidade relativa? É claro que este debate tem muito a ver com preferências pessoais e adaptações individuais e comunitárias. Apesar disso, se algo deve ficar claro é que cada um à sua maneira é mortal.

A quantidade mínima de energia que nosso corpo precisa para manter as funções vitais em repouso, como respiração, circulação sanguínea e funcionamento dos órgãos, é chamada de “metabolismo basal”.

Nosso corpo é um motor biológico e cada um de seus processos para manter funções vitais, como respiração, circulação sanguínea ou funcionamento de órgãos, produz calor. E como qualquer motor, necessita de um sistema de regulação de temperatura para evitar superaquecimento.

Felizmente, temos, porque se não o fizéssemos, a nossa temperatura subiria quase um grau por hora.

O problema é que as condições ambientais podem tornar este mecanismo mais ou menos eficiente. E seja o calor seco ou não, tem grandes consequências na termorregulação do nosso corpo e, portanto, na forma como sentimos esse calor.

Como nosso corpo reage ao calor?

À medida que o termômetro acrescenta mais e mais graus, nosso corpo começa a lidar com isso. Uma das maneiras pelas quais ele se resfria é através da radiação: o calor é transferido de áreas quentes (nosso corpo) para áreas mais frias (o ar ao nosso redor).

suor, radiação
A evaporação do calor é um dos mecanismos mais eficazes para reduzir a temperatura corporal.

A circulação sanguínea desempenha um papel fundamental na perda de calor por radiação. O corpo possui uma rede de vasos sanguíneos que se ramificam por todo o corpo. Quando a temperatura corporal aumenta, o hipotálamo, que atua como um termostato, envia sinais para que os vasos sanguíneos se dilatem. Isso permite que mais sangue quente flua para a superfície da pele e mais calor seja liberado no ambiente por radiação.

Esse processo exige que o coração bombeie mais sangue, duas a quatro vezes mais do que em um dia frio, por isso começa a bater mais rápido.

A outra forma de resfriamento é o suor, ou mais especificamente a sua evaporação, pois ao passar a fazer parte da atmosfera a temperatura do nosso corpo diminui. Se a temperatura atmosférica aumenta, o corpo reage produzindo maior ou menor quantidade de suor para regular a nossa própria temperatura. Cada molécula de suor que evapora da pele retira parte desse calor.

A combinação de esforço excessivo do coração devido à transpiração e desidratação pode reduzir a pressão arterial a ponto de causar tonturas e quedas.

A produção de suor requer aumento do fluxo sanguíneo para a pele. Isso pode aumentar a carga de trabalho do coração, especialmente em pessoas com problemas cardíacos.

Então…calor úmido ou seco?

Quando as altas temperaturas se combinam com a umidade nos sentimos muito mais incomodados do que quando está seco e, como se não bastasse, a sensação de calor nos acompanha mesmo na sombra. Além disso, em um ambiente úmido, a probabilidade de sofrer insolação aumenta porque é mais difícil esfriar.

Isso ocorre porque se perde um dos nossos mecanismos mais eficazes: a transpiração. Bem, não é que não suemos, mas sim que não evapora. O ar tem uma capacidade limitada de reter vapor de água. Quando a umidade é alta, o ar está próximo do ponto de saturação, o que significa que não consegue absorver muito mais água. O suor não pode evaporar facilmente se o ar já estiver saturado. É como tentar colocar mais água em um copo já cheio.

Usar roupas largas e respiráveis em dias muito quentes permite a circulação do ar e facilita a evaporação do suor.

Se o calor estiver seco, significa que o ar está longe de estar saturado e a transpiração é um mecanismo de resfriamento mais eficaz. Mas se suarmos mais, perderemos mais água e exigiremos mais do coração. Portanto, a desidratação rápida e os problemas cardíacos tornam-se um perigo maior. Isso pode causar fadiga, tontura, dor de cabeça, náusea e desmaios. Em casos graves, leva à insolação.

O suor também contém eletrólitos importantes, como sódio, potássio e magnésio. A perda excessiva de eletrólitos pode perturbar o equilíbrio eletrolítico do corpo, o que pode afetar a função cardíaca.

Além disso, o ar quente e seco pode irritar as vias respiratórias e causar dificuldade para respirar. Pessoas com asma ou outras doenças respiratórias são especialmente vulneráveis aos efeitos do calor seco. E a falta de hidratação pode ser muito incômoda para quem tem problemas de pele, pois resseca e irrita.

Portanto, embora estas condições sejam menos incômodas do que as úmidas, ambas são igualmente perigosas.