Cientistas conseguem decifrar sinais misteriosos originados nas profundezas do manto terrestre

A descoberta sugere uma ligação entre os sinais precursores do PKP e o vulcanismo observado em regiões como Yellowstone, Ilhas Havaianas, Samoa, Islândia e Ilhas Galápagos.

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Sinais conhecidos como precursores PKP confundiram os cientistas durante décadas devido ao seu comportamento incomum e origem enigmática.

Uma equipe de geofísicos conseguiu decifrar misteriosos sinais sísmicos vindos das profundezas do manto terrestre. E essa descoberta pode mudar a nossa compreensão do interior da Terra.

Estes sinais, conhecidos como precursores PKP, têm confundido os cientistas durante décadas devido ao seu comportamento incomum e origem enigmática.

Os sinais PKP são ondas sísmicas detectadas antes das principais ondas sísmicas que viajam através do núcleo da Terra.

Essas ondas se propagam a partir de regiões muito profundas do manto, especificamente de zonas de velocidade ultrabaixa (ULVZ), onde as ondas sísmicas diminuem significativamente.

Os misteriosos sinais PKP

Durante anos, os cientistas usaram ondas sísmicas para explorar o interior da Terra, mas os sinais precursores PKP têm sido particularmente difíceis de compreender. O estudo, publicado na revista AGU Advances, destaca que zonas de velocidade ultrabaixa podem estar associadas a anomalias no manto terrestre.

Essas ondas se dispersam à medida que passam pelo manto inferior e retornam à superfície em velocidades diferentes, o que complicou seu estudo. No entanto, pesquisas recentes revelaram que estas ondas parecem se propagar a partir de locais muito abaixo da América do Norte e do Pacífico ocidental.

Estas zonas são camadas finas onde as ondas sísmicas diminuem significativamente, e acredita-se que possam ser a raiz de colunas ao longo do manto que dão origem a vulcões quentes. Esta descoberta sugere uma ligação entre os sinais precursores PKP e o vulcanismo observado em regiões como Yellowstone, Ilhas Havaianas, Samoa, Islândia e Ilhas Galápagos.

A importância da descoberta

Segundo Michael Thorne, professor de geologia e geofísica na Universidade de Utah e autor principal do estudo, essas zonas de velocidade ultrabaixa são algumas das características mais extremas descobertas no planeta. Embora ainda não se saiba exatamente o que são, observou-se que elas tendem a se acumular sob vulcões quentes, o que poderia explicar a sua persistência durante centenas de milhões de anos.

Ilustração gráfica do interior da Terra
Ilustração gráfica do interior da Terra. Crédito: Michael Thorne/Universidade de Utah.

“Esses vulcões realmente grandes parecem persistir por centenas de milhões de anos aproximadamente no mesmo lugar”, explica Thorne. Em trabalhos anteriores, ele também descobriu uma das maiores zonas de velocidade ultrabaixa conhecidas no mundo: “Fica logo abaixo de Samoa, e Samoa é um dos maiores pontos quentes vulcânicos”, disse Thorne.

Esta descoberta ajudará a prever melhor as atividades vulcânica e sísmica no futuro. Ao compreender melhor como as ondas sísmicas se propagam através do manto e como interagem com zonas de velocidade ultrabaixa, os pesquisadores podem desenvolver modelos mais precisos para antecipar eventos sísmicos e vulcânicos.

Referência da notícia:

Thorne, M. S. et al. Investigating Ultra‐Low Velocity Zones as Sources of PKP Scattering Beneath North America and the Western Pacific Ocean: Potential Links to Subducted Oceanic Crust. AGU Advances, v. 5, n. 4, 2024.