Cientistas preveem que vulcão submarino próximo a Oregon pode entrar em erupção em 2025

Cientistas acreditam que o vulcão submarino Axial Seamount entrará em erupção em 2025, graças ao monitoramento em tempo real que detectou sinais de atividade. Esta pode se mostrar a melhor previsão já realizada de uma erupção vulcânica.

Mapa do Monte Submarino Axial em julho de 2014.
Mapa do Monte Submarino Axial em julho de 2014 mostra fluxos de lava de erupções anteriores. Cores vermelhas indicam lava em elevações maiores. (imagem: Oregon State University)

O Axial Seamount é, atualmente, o vulcão submarino mais monitorado do planeta. Localizado a cerca de 470 quilômetros da costa do Oregon e a mais de 1.000 metros de profundidade, o vulcão está situado na Cordilheira Juan de Fuca, uma cadeia de montanhas submarinas que faz parte de um sistema onde novas placas tectônicas estão se formando.

Graças a um sistema de cabos submersos e sensores avançados, pesquisadores acompanham em tempo real cada tremor, inclinação ou deformação da sua superfície, coletando dados que permitem análises detalhadas.

É um laboratório vivo excepcional para se estudar vulcões - Mark Zumberge, Scripps Institution of Oceanography.

Graças aos dados e análises que estão sendo coletados, os cientistas acreditam que uma erupção vulcânica submarina deve ocorrer em 2025. Esta descoberta é inédita, porque prever uma erupção vulcânica com tanta antecipação é raro e representa um avanço significativo na ciência de previsões vulcânicas.

Como os pesquisadores estão prevendo essa erupção

Durante uma reunião da União Geofísica Americana em Washington, D.C., em 10 de dezembro, a equipe de cientistas destacou uma série de sinais que indicam uma atividade iminente no vulcão.

O fluxo de lava de 2015 ficou depositado acima de fluxos de lava mais antigos.
O fluxo de lava de 2015 no Axial Seamount (lava escura) ficou depositado acima de fluxos de lava mais antigos (mais claros, �� esquerda). (imagem: Oregon State University)

Em novembro de 2023, o geofísico William Chadwick e seu time observaram algo muito significativo: a superfície do Axial alcançou novamente a elevação registrada antes de sua última erupção, ocorrida em 2015. Esse inchaço indica que o magma está se acumulando no subsolo, aumentando a pressão e criando as condições para uma nova erupção.

Além disso, os instrumentos de monitoramento estão detectando um aumento na atividade sísmica, indicando movimento de magma. Isso reforça a possibilidade de uma erupção próxima.

Por fim, os cientistas agora têm uma nova ferramenta para calcular o momento exato do evento: padrões sísmicos identificados com a ajuda de inteligência artificial. Esses padrões foram observados antes da erupção de 2015, e os pesquisadores esperam que possam ser replicados.

Se funcionar, a oportunidade será valiosa não apenas para os vulcanologistas, mas também para outros cientistas. Essa previsão permite, por exemplo, a utilização de veículos autônomos para capturar a erupção em tempo real. Isso poderia fornecer informações sobre os efeitos de erupções submarinas em ecossistemas biológicos e sistemas hidrotermais.

A erupção do Hunga Tonga gerou uma nuvem gigante de cinzas.
A erupção do Hunga Tonga gerou uma nuvem gigante de cinzas, gases e vapor de água, que atingiu uma altitude de várias dezenas de quilómetros (imagem: TGS / ZUMA / REA)

Embora os vulcões terrestres representem maior risco para comunidades humanas, os submarinos também podem causar danos consideráveis. Um exemplo é a erupção de Hunga Tonga em 2022, que gerou um tsunami e prejuízos estimados em 90 milhões de dólares. No entanto, no caso do Axial Seamount, o risco é menor, já que não há necessidade de evacuações em regiões próximas.

As previsões dependem da observação de padrões recorrentes. Por isso, o Axial Seamount, com seu histórico de erupções frequentes, é um campo de testes ideal para desenvolver modelos mais precisos para prever erupções vulcânicas.

Claro, há sempre o risco de um vulcão seguir um padrão desconhecido e agir de forma inesperada, mas ainda assim o evento que se aproxima em 2025 certamente trará aprendizados valiosos para cientistas de todo o mundo.

Referência da notícia

Axial Seamount has suddenly woken up! An update on the latest inflation and seismic data and a new eruption forecast. American Geophysical Union meeting, Washington, D.C., December 10, 2024. W.W. Chadwick et al.