Como e por que a NASA dá um nome a cada local que estuda em Marte?
Os mapas de Marte estão cheios de nomes que fazem referência a lugares da Terra, a exploradores e até a personagens de desenhos animados. Descubra aqui por que a NASA nomeia cada ponto que estuda na superfície marciana.
O rover Perseverance da Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos, a NASA, construído pelo Laboratório de Propulsão a Jato (JPL), pousou em Marte em 18 de fevereiro de 2021, portanto, completou pouco mais de dois anos de trabalho no Planeta Vermelho. A sua missão é procurar por sinais da existência de vida passada, mais especificamente em seu local de pouso, a Cratera Jezero, que já foi um antigo lago.
Atualmente, o Perseverance está investigando afloramentos rochosos ao longo da borda da Cratera Belva de Marte ('Mars’s Belva Crater'). E recentemente, a cerca de 3.700 quilômetros dali, o rover Curiosity, também da NASA, perfurou uma amostra em um local chamado "Ubajara". A cratera tem um nome oficial; já o local da perfuração é identificado por um apelido, daí as aspas.
As missões da NASA nomeiam não somente as crateras e colinas, mas também cada rocha, seixo e superfície rochosa que estudam. Mas afinal, como e por que a agência americana faz isso?
Nomeando locais em Marte
Desde 25 anos atrás, os cientistas da NASA já nomeavam locais, usando nomes de personagens de desenhos animados. Porém, estes não se usam mais atualmente. São usados nomes oficiais ou não oficiais (apelidos).
“A principal razão pela qual escolhemos todos esses nomes é ajudar a equipe a acompanhar o que estão encontrando a cada dia”, disse Ashwin Vasavada, cientista da missão Curiosity do JPL da NASA, no sul da Califórnia. “Posteriormente, podemos nos referir às muitas colinas e rochas pelo nome enquanto as discutimos e, eventualmente, documentamos nossas descobertas”.
A diferença entre um nome oficial e um não oficial é bem simples: os oficiais foram aprovados pela União Astronômica Internacional (IAU, em inglês), uma sociedade científica cujos membros são astrônomos profissionais de diversos países. A IAU define padrões para nomear características planetárias e registra os nomes no Gazetteer of Planetary Nomenclature.
Alguns exemplos de nomes oficiais: crateras com mais de 60 quilômetros de diâmetro recebem nomes de cientistas famosos ou autores de ficção científica; as menores que isso recebem o nome de cidades com população de menos de 100.000 pessoas. As crateras não podem receber nomes de pessoas vivas. A Cratera Jezero, que o Perseverance vem explorando, recebeu esse nome de uma cidade da Bósnia; Belva, uma cratera de impacto dentro de Jezero, recebeu esse nome da cidade homônima, no Estado da Virgínia Ocidental (Estados Unidos).
Os apelidos surgiram para ser mais intencionais. Por exemplo, uma cratera foi apelidada de "Endurance" em homenagem ao navio que transportou a expedição do explorador Ernest Shackleton à Antártica em 1914. A equipe da missão ‘InSight’ nomeou uma rocha, que havia sido empurrada pelos retrofoguetes da sonda durante o seu pouso, de "Rolling Stones Rock", em homenagem à banda. A equipe do Curiosity nomeou uma colina em homenagem a seu colega Rafael Navarro-González, que morreu de complicações do COVID-19 em 2021.
Além disso, as missões Curiosity e Perseverance mantêm apelidos baseados em locais terrestres. Antes do Curiosity pousar em 2012, a equipe do rover criou um mapa geológico da área de pouso. Eles começaram desenhando uma grade, formando quadrados (ou quadrantes) equivalentes a cerca de 1,2 quilômetros de cada lado. Esses quadrantes são nomeados de acordo com algum local de importância geológica na Terra, nomes estes sugeridos pelos membros das equipes.
Interessante isso tudo, não é mesmo?! Quem diria que até as formações geológicas em Marte teriam nome!