Conexão entre poluição do ar e demência é revelada em estudo recente
A poluição do ar está associada a um risco crescente de demência em indivíduos do sexo masculino mais velhos, de acordo com um novo estudo da Universidade da Califórnia. Saiba mais aqui!
Em um mundo onde a poluição do ar é uma preocupação crescente, pesquisadores têm dedicado tempo para compreender os efeitos potenciais, diretos e indiretos da poluição na saúde humana. Um estudo recente, realizado por uma equipe da Universidade da Califórnia, em San Diego, revelou uma preocupante relação entre a poluição do ar e o risco de demência em indivíduos do sexo masculino mais velhos. As evidências desta pesquisa reforçam a importância de combater a poluição e a necessidade de reduzir os efeitos ao longo da vida na nossa saúde cognitiva.
Homens mais velhos são mais expostos ao declínio cognitivo perante a poluição do ar
A pesquisa, liderada pelo professor William S. Kremen e publicada no Journal of Alzheimer's Disease, analisou dados de 1.100 indivíduos do sexo masculino que participaram do Vietnam Era Twin Study of Aging (VETSA), em um trabalho de acompanhamento a longo prazo. Os participantes foram acompanhados por 12 anos, e procurou-se avaliar as capacidades mentais ou cognitivas, bem como a exposição à poluição do ar ao longo do período.
A avaliação focou em dois poluentes específicos: as partículas finas conhecidas como PM2,5 e o dióxido de nitrogênio (NO2), proveniente da utilização de combustíveis fósseis. Nesta pesquisa, também foi monitorada a presença de um gene designado 'APOE-4' (vindo da apolipoproteína E), que está associado a um maior risco de desenvolver a doença de Alzheimer.
Os resultados do estudo são, de fato, alarmantes. Os homens que apresentaram maior exposição aos poluentes PM2,5 e NO2 com idades entre 40 e 50 anos apresentaram uma diminuição cognitiva mais acentuada. Esta diminuição foi ainda maior entre aqueles que possuem o gene APOE-4. As capacidades de execução de tarefas associadas ao planejamento e controle de comportamento, bem como a memória episódica (relacionada com a lembrança de acontecimentos específicos passados), foram particularmente afetadas.
A pesquisa ressalta também a importância de ações antecipadas na prevenção da demência. Em um outro estudo anterior publicado na revista Lancet, em 2020, foram identificados 12 fatores de risco para a demência, indicando que a gestão desses fatores pode reduzir a chance de desenvolver a doença em até 40%. Surpreendentemente, a poluição do ar foi identificada como um fator de risco maior do que a diabetes, a falta de atividade física, a pressão alta, o excesso de consumo de álcool e a obesidade.
Medidas urgentes na luta contra a poluição do ar são fundamentais
A professora Carol E. Franz, principal autora do estudo, enfatiza a relevância da identificação e gestão destes riscos antecipadamente.
De fato, os efeitos prejudiciais da poluição do ar no cérebro podem aparecer mais cedo do que se imaginava. Assim, compreender a conexão entre a poluição do ar e a demência é crucial na luta contra esta doença.
Com base nos resultados deste último estudo, torna-se fundamental a adoção de medidas para melhorar a qualidade do ar e reduzir a exposição à poluição. Nisto, inclui-se a implementação de políticas ambientais mais rigorosas, a transição para fontes de energia mais limpas e o incentivo de meios de transporte mais sustentáveis.
Além disso, é um passo fundamental investir na conscientização da população para os perigos da poluição do ar. Apenas com o conhecimento dessas pessoas será possível incentivar as mudanças no estilo de vida, que possam contribuir para a redução do risco de demência.
Num mundo cada vez mais impactado pela poluição do ar, é fundamental que os governantes, as comunidades e as pessoas trabalhem juntos para proteger a saúde cognitiva. Ao agirmos frente à poluição, estaremos criando um ambiente mais saudável para todos e contribuindo para a prevenção do aumento alarmante dos casos de demência em todo o mundo.