Conheça o pesquisador brasileiro que está entre os 10 cientistas com mais descobertas de aranhas no mundo

O zoólogo Alexandre Bonaldo já descreveu quase 500 novas espécies de aranha em uma carreira profissional dedicada a pesquisar aracnídeos na Amazônia

Pesquisador Alexandre Bonaldo, especialista em aranhas
Alexandre Bonaldo pesquisa aranhas há mais de vinte anos na Amazônia. Crédito: Janine Valente/Museu Paraense Emilio Goeldi

A World Spider Catalog (WSCA) - plataforma especializada em aracnologia organizada pelo Museu de História Natural de Berna (Suíça) - divulgou uma lista atualizada de cientistas que mais contribuíram com descobertas de espécies de aranha ao redor do planeta. Um brasileiro figura na décima posição desse seleto ranking: Alexandre Bonaldo é doutor em Zoologia com mais de duas décadas de trabalho dedicadas à investigação de aracnídeos. Durante sua carreira, ele foi responsável por conduzir estudos que levaram à descoberta e descrição de 472 novas espécies de aranhas.

Doutor pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), foi na Amazônia que Alexandre Bonaldo desenvolveu a maior parte de sua vida acadêmica e a robusta trajetória de registros de aranhas que lhe renderam o reconhecimento internacional. É pesquisador titular do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), a instituição científica mais antiga da região amazônica, no qual é curador da coleção de aracnídeos e professor do Programa de Pós-Graduação em Zoologia (PPGZool). Este programa é um convênio entre o Museu Goeldi e a Universidade Federal do Pará (UFPA).

Cientista destaca cooperação como chave do sucesso

No papel de docente e orientador de Mestrado e Doutorado, Bonaldo coordena investigações que estão expandindo a compreensão sobre os aracnídeos, um “universo particular” dentro da Zoologia. Em 2023, o pesquisador identificou 50 novas espécies e um novo gênero de aranhas.

“Esse resultado pode ser resumido em uma palavra só: colaboração. Eu não conseguiria fazer isso sozinho, descrever tantas espécies se eu não tivesse colaboração tanto dos meus colegas quanto dos meus alunos”, afirmou Alexandre Bonaldo em entrevista para a Agência Museu Goeldi.

Ele conta que a descrição de 35 das 50 espécies identificadas foi feita no contexto do doutorado de um de seus orientandos, o pesquisador Níthomas Feitosa. As descobertas estão em artigo recém-publicado na revista científica Zootaxa.

Aranhas: milhares de espécies a serem descobertas

Ao redor do planeta, existem cerca de 52 mil espécies conhecidas de aranhas. Cientistas estimam que esse número pode chegar a 200 mil espécies. “No ritmo atual, ainda vamos precisar de mais 500 anos para descrever todas essas espécies existentes", indicou Alexandre Bonaldo para o G1.

Aranha da espécie Myrmecium ricetti
Aracnídeo da espécie Myrmecium ricetti, encontrada no Brasil e Colômbia. Crédito: Leonardo Carvalho/Museu Paraense Emilio Goeldi

Em seu trabalho como aracnólogo, Bonaldo especializou-se no estudo dos coronídeos (Corinnidae), família de aranhas com ampla distribuição geográfica. Mais precisamente, com uma subfamília que se concentra em regiões subtropicais, na América do Sul e Central.

Para o pesquisador, os esforços de identificar, descrever e catalogar espécies de animais é essencial para a implementação de iniciativas de proteção da biodiversidade. “É preciso acelerar a descrição dessas espécies para disponibilizar essas informações para políticas públicas, para a definição de áreas de preservação e para os estudos de ecologia, que vão entender como são as dinâmicas e os processos ecológicos que mantêm essa diversidade no planeta”.

Referência da notícia:

Agência Museu Goeldi. Pesquisador do Museu Goeldi é um dos dez cientistas com mais descobertas de aranhas no mundo. 2024

G1 Pará. Pesquisador de museu paraense é um dos dez cientistas que mais descobriu aranhas no mundo: quase 500 espécies. 2024

Feitosa, N.M et al.. Meeting the southern brothers: a revision of the Neotropical spider genus Hexapopha Platnick, Berniker & Víquez, 2014 (Araneae, Oonopidae). Zootaxa, 2023