Conheça uma das mais antigas formações geológicas da Terra e fica no Brasil
Existe uma imponente e magnífica formação geológica na América do Sul que é uma das mais antigas do planeta Terra. Localiza-se na tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana. Conheça o Monte Roraima e as suas impressionantes características geográficas, geológicas e climáticas!
O Monte Roraima está localizado na parte norte da América do Sul e na tríplice fronteira entre Venezuela, Brasil e Guiana. Situado no Parque Nacional de Canaima (Bolívar, Venezuela), este é o mais alto dos tepuis - tipo de monte em formato de mesa bastante característico do Planalto das Guianas -, estando a quase 3.000 metros acima do nível do mar.
Esta montanha, com aspecto muito característico e de grande altura, plana, encontra-se rodeada por falésias de 400 a 1.000 metros de altura. O ponto mais alto do Monte Roraima está localizado no extremo sul da falésia a uma altitude de 2.810 metros na Venezuela. Uma outra saliência a uma altitude de 2.772 metros na junção dos três países no norte do planalto é o ponto mais alto da Guiana. A parte norte do planalto é o marco da fronteira entre estes três países, com uma altitude de 2734 metros.
O nome do Monte Roraima provém do povo nativo Pemón. Roroi na língua Pemón significa "verde-azul", e ma significa "grande". É o mais visitado e conhecido dos que se encontram na Gran Sabana (região natural do Planalto das Guianas). Encontra-se entre as formações geológicas mais antigas do planeta, pelo que deve ser preservada e protegida.
Geografia e Clima: acessibilidade variável e local muito chuvoso
O acesso ao Monte Roraima pelo lado venezuelano é próximo da estrada e relativamente fácil; contudo, tanto para o Brasil como para a Guiana, a área é completamente isolada e só pode ser alcançada por alguns dias de caminhadas na floresta ou por uma pequena pista de aterrissagem local. É uma montanha com um topo plano, típica do Escudo da Guiana, com uma elevação de cerca de 1.200 metros a sudeste e apenas cerca de 600 metros a noroeste.
As faces sul, sudeste, este, nordeste e noroeste são todas formadas por penhascos retos até cerca de 1.000 metros de altura. No extremo sul da montanha, parte da falésia desmoronou-se, formando uma rocha natural espetacular. A base da falésia é rodeada por encostas íngremes a sul e leste, e os lados norte e oeste formam vales fluviais que conduzem ao cume.
O topo do Monte Roraima tem um comprimento superior a 10 quilómetros, uma largura máxima de 5 quilômetros, uma área de cerca de 33 a 50 quilômetros quadrados, uma altitude superior a 2200 metros, e uma altitude média de 2.600-2.700 metros. O planalto é uma superfície pseudo-carsificada pelas fortes chuvas.
Devido à sua elevada altitude e proximidade do equador, o Monte Roraima tem uma temperatura média anual constante entre 20 e 22°C e uma precipitação anual superior a 1.500 mm, com 1.800 a 3.000 mm em partes da estação chuvosa, de abril a novembro.
As condições climáticas no topo da montanha diferem significativamente da sua base, a elevada nebulosidade na região está associada aos ventos predominantes de nordeste e sudeste, e a umidade relativa do ar permanece entre 75% e 85%.
Para a Geologia, o que é um tepui e como se forma?
O tepui é um tipo de meseta especialmente abrupta, com paredes verticais e cimo geralmente plano, composta de quartzito e arenito com leitos de ardósia. São as formações expostas mais antigas do planeta, datando do Pré-cambriano.
Estendem-se entre a fronteira norte do Rio Amazonas e o Orinoco, entre a costa Atlântica e o Rio Negro. O formato dos tepuis resulta de processos erosivos ao longo desta fração imensa da história do nosso planeta. Os tepuis também podem ser encontrados na Colômbia, Venezuela e Brasil. O nome "tepui" provém de uma palavra que significa montanha ou, segundo outras fontes, morada dos deuses, no idioma indígena pemón.
Monte Roraima: uma das mais antigas formações geológicas do planeta
O Monte Roraima é composto por arenito do Éon Proterozoico formado há cerca de 1,7 a 2 mil milhões de anos e, portanto, entre as rochas mais antigas da Terra. Contém uma grande quantidade de depósitos de quartzo, 98% são partículas de sílica, formando cristais brancos ou rosados de vários centímetros de comprimento.
Estas rochas assentam sobre uma base de granito e gnaisse e foram originalmente cobertas por camadas de argila mesozóica, conglomerado e dioritos, mas foram expostas pela erosão e pela orogenia durante os últimos 180 milhões de anos, erodidas pela precipitação que esculpiu formas estranhas. O solo da matriz de arenito é altamente ácido, pobre em nutrientes e muito fino. A precipitação intensa impede a fixação de nutrientes e partículas, impedindo assim a formação de vegetação e solo no topo da colina.
As numerosas grutas e fendas no interior do planalto fazem com que o Monte Roraima exiba uma estrutura pseudo-karst e estas grutas formam uma rede de mais de 15 quilômetros de comprimento com uma diferença total de altura de 73,21 metros. É a maior caverna de quartzo do mundo.
Estas cavernas são formadas pela infiltração da água superficial, pelo que o nível da água no seu interior depende em grande parte da precipitação na superfície do planalto: a seca prolongada pode secar os cursos de água, e as cavernas secas podem também tornar-se rios subterrâneos. A água que nela jorrava correu para as fendas da rocha e fluiu sob a forma de cascatas na encosta da montanha, criando muitos cursos de água no sopé da mesma.
O que torna este local tão peculiar e popular?
A lixiviação causada pela chuva intensa moldou a topografia peculiar do cume, e o isolamento geográfico do Monte Roraima tornou-o o lar de muita flora e fauna endémica. A exploração ocidental do Monte Roraima só começou no século XIX, quando foi escalado pela primeira vez por uma expedição britânica, em 1884.
Contudo, apesar das expedições subsequentes, a sua flora e geologia continuam a ser largamente desconhecidas. O cenário privilegiado e as condições relativamente fáceis de acesso e escalada no lado sul das falésias fazem do Monte Roraima um dos destinos mais populares para os caminhantes.