As consequências da erupção de um supervulcão no clima
Estudiosos apontam consequências em escala global quando se trata da erupção de um supervulcão. Padrão de ventos da estratosfera pode sofrer alterações e consequentemente provocar mudanças no clima.
Fenômenos de diferentes escalas compõem a geodinâmica terrestre, ou seja, a natureza do planeta, onde muitos deles representam uma mudança de ciclo na Terra. Uma vez conhecidos também como desastres naturais, alguns desses fenômenos têm poderes catastróficos.
Entre os principais desastres naturais estão as tempestades, terremotos, maremotos, furacões, ciclones, tufões, inundações, a própria seca que pode ser devastadora, e as erupções vulcânicas que serão o destaque de hoje.
Vulcões de diferentes tamanhos e graus de destruição são forças da natureza espalhados pelo mundo todo. O índice de explosividade vulcânica (VEI) é uma medida relativa que vai até o nível 8. Supervulcões já não são tão comuns assim, são apenas 20 conhecidos pela humanidade até os dias atuais. O número é pequeno, entretanto, o poder de destruição é tão grande quanto eles.
O Tambora foi a explosão vulcânica mais poderosa já registrada na história, atingiu escala 7 em 1815, matou mais de 90 mil pessoas na Indonésia e ficou conhecido como “ano sem verão” por ter escurecido o mundo todo. O vulcão Krakatoa que explodiu em 1883 e gerou um tsunami com ondas de 30 metros de altura, foi suficiente para fazer uma ilha desaparecer.
Em termos de comparação, segundo a vulcanóloga da NASA Rosaly Lopes Goutier, esses vulcões produziram apenas 2% do que um supervulcão pode gerar.
Um supervulcão produz 1.000 quilômetros cúbicos de erupção e tem o poder de destruir tudo que estiver pela frente.
Estudos recentes
Atualmente, diversos pesquisadores testaram diferentes cenários com base em forçantes vulcânicas. Ao que tudo indica, a erupção de um supervulcão teria o poder de mudar o padrão de ventos da estratosfera, mesmo que de forma temporária, o que consequentemente mudaria o clima em escala global.
Apesar dos estudos recentes com modelos climáticos modernos, não é de hoje que meteorologistas se preocupam com as consequências de uma possível super erupção, uma vez que os efeitos da grande quantidade de gases e cinzas lançadas para a atmosfera poderiam gerar consequências multidecadais, uma vez que bloqueariam a luz do sol provocando resfriamento em partes da superfície terrestre.
Apesar do seu tamanho e importância no que se diz respeito ao padrão dos ventos em escala global, a estratosfera é insuficiente em questões de convecção vertical, ou seja, as partículas que entram nesta camada, como por exemplo gases e cinzas vulcânicas, ficam lá por muito tempo.
Saiba mais sobre as alterações no vento
Uma das mais recentes supererupções em escala de VEI 8 é a de Los Chocoyos. Ao que tudo indica, o supervulcão está ativo há aproximadamente 75.000 anos nas montanhas da Guatemala e deu origem a um lago enorme chamado Atitlán Caldera, o qual é rodeado por mais três vulcões em formato de cone: o Atitlán, o Tolimán e o San Pedro.
Cientistas concluem que uma erupção de tamanha intensidade como a Los Chocoyos é suficiente para projetar enxofre vulcânico e halogênios diretamente na estratosfera, o que leva a formação de gotículas de ácido sulfúrico e depleção de ozônio, o que impactaria a radiação atmosférica e a dinâmica que perturba o sistema de vento.
Atualmente, a oscilação quase bienal dos ventos influencia a precipitação das monções e a circulação atmosférica. Coincidem muitas vezes com aquecimentos estratosféricos mais súbitos, correntes de jatos mais fracas ou mais fortes. Além disso, cientistas demonstraram que essa alteração dos ventos afeta a frequência dos furacões durante a temporada no Oceano Atlântico.
Ainda há muito o que ser estudado e a boa notícia é que para um supervulcão entrar em erupção tem que acumular uma quantidade extraordinária de magma, o que leva em torno de 10 mil a 100 mil anos, segundo o vulcanólogo Stephen Self da Open University no Reino Unido. A vulcanóloga Rodaly pondera, no entanto: “Fosse só isso, estaríamos fritos, já que a última supererupção de Yellowstone ocorreu há 640 mil anos — tempo suficiente para acumular magma. O risco existe, mas as chances [hoje] são remotas. As condições geológicas não são favoráveis porque o planeta está esfriando”.