Contribuições de Benjamin Franklin para a meteorologia
Conhecido pelo famoso experimento com tempestades, com o qual ele demonstrou a natureza elétrica dos raios, Benjamin Franklin também fez outras contribuições para as ciências atmosféricas, como o primeiro mapeamento da corrente do Golfo e até a relação entre os vulcões e o clima.
Se pensarmos em um personagem particularmente versátil da história, o primeiro que vem à mente é o grande Leonardo da Vinci (1452-1519), mas Benjamin Franklin (1706-1790) não está muito atrás. Em sua biografia, lemos que ele era um político, filósofo, editor, economista, músico, inventor e também cientista, um grande homem da ciência que fez importantes contribuições no campo da meteorologia. De todas as imagens de Franklin, a mais emblemática mostra ele segurando uma pipa que lhe deu fama universal, com a qual realizou uma das experiências mais famosas e imprudentes da história da ciência.
À caça de raios
O interesse por raios e eletricidade atmosférica aparentemente despertou em Franklin quando recebeu uma garrafa de Leyden (condensador elétrico) pelo correio, enviado a ele por um conhecido de Londres. O aparelho o fascinou e, assim, começou a estudar com profundidade como a eletricidade e as cargas elétricas se comportavam . Após realizar várias experiências e publicar os principais resultados de sua pesquisa, em 5 de junho de 1752, realizou na Filadélfia o famoso experimento de pipa que lhe deu fama universal e levou à invenção do para-raios .
Acompanhado por um assistente, no meio de uma tempestade, Franklin soltou uma pipa no ar com uma armação de metal , da qual pendia um arame fino conectado a um fio de seda, no final do qual amarrava uma chave de metal. Segundo ele, a eletricidade devia passar da tempestade para a pipa e de lá para a chave . Foi exatamente o que aconteceu, como o próprio Franklin relatou em seu diário no qual há uma coletâneo de relatos dos seus experimentos.
As faíscas começaram a saltar da chave, demonstrando a natureza elétrica dos raios e da tempestade . Ele teve muita sorte de não receber um forte choque da pipa, o que teria provocado a sua morte naquele dia tempestuoso de verão. O mesmo fim não foi acometido por nenhum de seus sucessores que repetiram o experimento, com resultados trágicos.
Como resultado do experimento bem-sucedido, Franklin inventou o para-raios, com base no efeito pontual, que rapidamente se tornou popular, tornando-se um elemento protetor nas residências, que continua a nos acompanha até os dias de hoje. Esse tem sido seu principal legado no campo da meteorologia , mas não parou por aí, a sua mente inquieta também se interessava pela dinâmica atmosférica e, em particular, pelos fenômenos e elementos meteorológicos associados às tempestades que às vezes provocavam transtornos na Filadélfia - local onde ele morava desde 1723 - e nos arredores. Sua curiosidade também o levou a estudar uma corrente importante, não aérea, mas sim oceânica.
O primeiro mapa da Corrente do Golfo
Benjamin Franklin após várias viagens que fez ao longo da costa leste dos Estados Unidos em 1763, o fez se interessar pela Corrente do Golfo, compilando informações dos marinheiros e pescadores que navegavam nessas águas. Assim, conseguiu desenhar e publicar o primeiro mapa em 1786 , em seu trabalho: Sundry Maritime Observations. Seu trabalho chamou a atenção de muitos estudiosos da época que passaram também a investigar, revelando a importância dessa corrente quente do oceano e s ua influência no clima como um elemento regulador da temperatura do ar.
O oceanógrafo americano Matthew Fontaine Maury (1806-1873) fez importantes contribuições à Corrente do Golfo , muito útil para os navegadores da época, culminando na criação do Observatório Naval dos EUAe promovendo decisivamente na cooperação Internacional em assuntos meteorológicos.
Sem os trabalhos prévios de Franklin, o desenvolvimento da meteorologia e da oceanografia poderia ter sido mais brando. Hoje sabemos a importância e a magnitude da mencionada Corrente do Golfo, que depois de ser gerada nas águas quentes do Golfo do México, passa a atuar próximo a costa leste dos Estados Unidos para finalmente atravessar o Atlântico Norte, em um fluxo em torno de 80 milhões de metros cúbicos por segundo.
A influência vulcânica no clima
A última contribuição que comentaremos de Franklin no campo das ciências atmosféricas foi realizada em Paris, onde permaneceu como diplomata entre 1776 e 1785, ajudando a fortalecer as relações entre a França e os Estados Unidos . Em 8 de junho de 1783, uma das maiores erupções vulcânicas conhecidas ocorreu na Islândia. A fissura de Laki começou a cuspir enormes quantidades de lava e cinzas que entraram na atmosfera, alterando as condições atmosféricas não apenas na Islândia , mas em grande parte do hemisfério norte por meses. Condições anormalmente frias por toda a Europa e América do Norte, transformando o céu azul em marrom, com uma espécie de névoa seca e poluente envolvendo tudo.
Essas circunstâncias extraordinárias despertaram todo tipo de especulação na sociedade da época. O raro céu que Franklin via em Paris dia após dia, durante semanas e meses, ativavam seu racionalismo notável e não demorou muito para relacionar as informações que lhe chegaram da extraordinária erupção do Laki com aquele comportamento atmosférico tão anômalo que, não foi observado somente na França, mas em muitos outros lugares do mundo.
Em uma conferência que em 2 de dezembro de 1784 em Manchester, intitulada Imaginações e Conjecturas Meteorológicas, Franklin explicou que a névoa seca, que cobria os céus da Europa, havia sido gerado pelo vulcão islandês, impedindo que parte da radiação solar chegasse à superfície da Terra, provocando a queda de temperatura prolongada. Franklin foi o primeiro a estabelecer uma estreita relação entre vulcões e o clima .