Crescimento de castanheiras-da-Amazônia pode ser acelerado em 30% com auxílio da nanobiotecnologia
Rede de cientistas da Amazônia estuda técnicas para estimular o desenvolvimento da espécie em menor tempo com ganhos para a bioeconomia e reflorestamento.
Entre as árvores típicas da Amazônia, a castanheira (Bertholletia excelsa) é uma das mais emblemáticas e relevantes para a sociobiodiversidade regional. Majestosas, centenárias e versáteis, os exemplares desta espécie destacam-se na floresta tropical pelo porte (em comprimento, podem atingir 60 metros) e por suas sementes, as famosas castanhas, altamente nutritivas e saborosas. Fonte de renda e alimento, as castanheiras são o foco de um estudo para aceleração de crescimento vegetal a partir da nanobiotecnologia.
A investigação é conduzida pela Nanorad´s, iniciativa que envolve organizações científicas na Amazônia Legal, como o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), e reúne cerca de 100 pesquisadores. Os cientistas acompanham e monitoram o crescimento de um castanheiras selecionadas e em cujas folhas foi inserida uma nanopartícula chamada arbolina.
Essa substância, que faz o papel de um fertilizante biológico, aprimora a interação entre as raízes e as bactérias presentes no solo, influenciando a fotossíntese e o desenvolvimento das plantas. Experiências preliminares demonstraram um crescimento de 30% no tamanho de árvores com o uso da arbolina.
Uma resposta ao desmatamento e alternativa para a economia regional
Com duração inicial de dois anos, o Nanorad´s concentra sua atuação em áreas degradadas de floresta amazônica. Diante de taxas anuais, expressivas e preocupantes, de desmatamento no bioma, os pesquisadores buscam oferecer uma solução para reduzir o tempo de maturação das castanheiras, que, em condições naturais, leva cerca de oito anos.
Com o aprimoramento biotecnológico, essas castanheiras podem ser utilizadas para medidas de reflorestamento e no fomento a setores da bioeconomia regional, como a extração da castanha-da-Amazônia (ou castanha-do-Pará, como também é conhecida), do óleo extraído a partir da amêndoa da árvore e o manejo florestal sustentável.
“Precisamos trabalhar no sentido de fazer plantio em espécies que agregam valor ao mercado. Falta pesquisa, falta investimento, mas mesmo dentro dessa espécie que temos, é possível fazer plantio florestal com alto desempenho”, afirma José Francisco Gonçalves, pesquisador do INPA e coordenador no Nanorad´s.
Referências da notícia
Liberal Amazon. Castanheira-da-Amazônia é opção para reflorestamento e bioeconomia. 2024
Museu Goeldi. Castanheira - uma das espécies de árvores mais longevas da Amazônia. 2016