De onde vem as massas de ar frio?
Com a chegada do inverno meteorológico, as massas de ar frio começam a chegar pelo sul do pais com mais frequência, afetando o tempo em diversas localidades. Mas o que são essas massas de ar, como elas se formam e como chegam até o Brasil?
Uma massa de ar é uma imensa “bolha” de ar que possui características aproximadamente uniformes de temperatura e umidade dentro dela. Na vertical, as variações de temperatura e umidade são aproximadamente as mesmas em sua extensão horizontal. Para que uma massa de ar adquira essas características uniformes, é necessário que a mesma se mantenha estagnada em contato com uma grande área de terra ou água conhecida como região fonte.
Em geral, as massas de ar frio tendem a fluir em direção ao equador e as massas de ar quente tendem a fluir em direção aos polos. Isso traz calor para áreas frias e o frio para áreas quentes. É um dos muitos processos que atuam no sentido de equilibrar as temperaturas do planeta. Quando uma massa de ar se move sobre uma nova região, ela compartilha sua temperatura e umidade com o local. Isso faz com que a climatologia do local dependa das massas de ar que ali atuam.
As massas de ar são classificadas com base em suas características de temperatura e umidade. Vários sistemas foram propostos, mas a classificação de Bergeron foi a mais amplamente aceita. Neste sistema, massas de ar são designadas primeiro de acordo com as propriedades térmicas de suas regiões de origem: tropical (T); polar (P); e menos frequentemente, ártico ou antártico (A). Para caracterizar a distribuição de umidade, as massas de ar distinguem-se quanto às regiões de origem: continental (c) e marítima (m).
As massas de ar frio que atingem o Brasil são de origem polar marítimas. Esta massa de ar não tem tanto teor de umidade quanto uma massa marítima tropical. Porém, como está sempre próximo da saturação, o levantamento orográfico da massa de ar polar pode produzir chuva ou neve generalizada. A massa de ar polar marítima que atinge o Brasil tem origem sobre a região extratropical do Atlântico sul, onde há uma forte variação horizontal de temperatura (entre o ar quente tropical e o ar frio polar).
Esta região de transição térmica possui um forte gradiente de temperatura e, portanto, é um reservatório de energia potencial que pode ser prontamente aproveitado e convertido em energia cinética associada aos ciclones extratropicais. O desenvolvimento de ciclones extratropicais está associado ao deslocamento da massa de ar frio em direção ao equador e da massa de ar quente em direção aos polos, assim, formando zonas frontais. O ciclo de vida de tal evento é tipicamente de vários dias, durante os quais o ciclone pode viajar de centenas a alguns milhares de quilômetros.
O deslocamento da massa de ar frio polar marítima em direção ao Brasil é conduzida por uma zona de forte variação de temperatura onde se encontra a frente fria. Após a passagem do sistema frontal, o ar frio polar se desloca sobre a região. Por ser mais fria que o ambiente, a massa de ar polar é mais densa, causando um aumento de pressão do ar na superfície e resultando na formação de um anticiclone.
O anticiclone é uma área de alta pressão com vento fluindo em sentido anti-horário no hemisfério sul. Na maioria dos casos, um anticiclone em desenvolvimento se forma sobre um local no solo na região de ar frio atrás de um ciclone à medida que ele se afasta. Este anticiclone se forma antes que o próximo ciclone avance para a área.