Descoberta! Furacões contribuem para o aquecimento de águas profundas do oceano
Uma pesquisa recente mostra que os furacões nos oceanos empurram o calor para mais fundo do que se imaginava, aumentando o aquecimento das águas profundas a longo prazo.
Os furacões, também conhecidos como tempestades tropicais, são fenômenos que se formam sobre o oceano em latitudes tropicais (entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio), e obtêm sua energia das temperaturas quentes da superfície do mar. Quando se aproximam do continente, eles podem causar sérios prejuízos pelas marés de tempestade que formam e inundações pelas chuvas que trazem.
Um novo estudo, publicado recentemente na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), e feito por pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Diego, e da Universidade Brandeis, em Waltham (Massachusetts), identificou que os furacões ajudam a aquecer o oceano profundo a longo prazo, aumentando sua capacidade de absorver e armazenar calor.
Os cientistas mostraram que os furacões podem empurrar o calor para mais fundo no oceano do que se imaginava, armazenando essa energia por vários anos e, consequentemente, afetando até regiões distantes do fenômeno.
Calor penetrando mais fundo no oceano
São várias as pesquisas que identificam os efeitos de furacões em terra firme, mas pouco se sabe sobre os impactos que eles causam nos oceanos. E foi isso que motivou os cientistas neste estudo. Eles queriam saber como a turbulência abaixo da superfície oceânica durante um furacão ajudava a transferir o calor para as profundezas.
O grupo de pesquisadores analisou as condições oceânicas antes e após a passagem de três tufões (como são conhecidos os furacões nesta parte do mundo) no Mar das Filipinas em 2018, através de dados coletados por sondas a bordo de navios que eles implantaram no fundo do mar para medir o movimento da água e a temperatura.
Antes da passagem de um furacão (ou tufão) a camada superficial do oceano é quente e abaixo dela a camada é fria. Essa diferença de temperaturas mantém as águas separadas e praticamente incapazes de afetar uma à outra. Ou seja, elas não se misturam.
Quando os tufões passaram, os fortes ventos agitaram os limites entre as camadas de água. Eles misturaram as águas quentes da superfície com as águas frias de baixo, causando um resfriamento das águas superficiais e um aquecimento das águas mais fundas.
Então, eles empurraram essa água quente mais para o fundo do oceano. As ondas subaquáticas geradas pelos tufões transportaram o calor através da termoclina cerca de quatro vezes mais fundo do que a mistura inicial, a profundidades de 300 metros, deixando-o “preso” longe da superfície. O calor persistiu no local por pelo menos três semanas após a passagem do tufão.
Efeitos em regiões distantes do fenômeno
Esse calor no fundo do oceano é capturado por correntes oceânicas em larga escala e, dessa forma, pode ser transportado para locais distantes, afetando o clima à medida em que retorna à superfície.
As águas quentes no Mar das Filipinas, depois de empurradas bem para o fundo, podem ter sido levadas através de correntes profundas para as costas do Equador ou da Califórnia, seguindo os padrões das correntes que transportam água de oeste para leste no Pacífico equatorial. Conforme o estudo, o calor pode ser misturado de volta à superfície através das correntes de cardumes, da ressurgência e da mistura turbulenta.
Quando o calor estiver próximo à superfície de novo, ele pode aquecer o clima local e afetar os ecossistemas. Mas também é possível que ele permaneça no oceano por décadas sem retornar à superfície, o que teria um efeito atenuante nas mudanças climáticas. Isso porque como os furacões redistribuem o calor superficial para profundidades maiores, eles podem ajudar a desacelerar o aquecimento global mantendo o calor “guardado” no oceano.