Descoberta nova espécie de anfíbio gigante mais antigo que dinossauros no estado do Rio Grande do Sul

Paleontólogos fizeram uma descoberta incrível no interior do estado do Rio Grande do Sul: um crânio de uma nova espécie de anfíbio que viveu há 250 milhões de anos, antes mesmo dos dinossauros!

Anfíbio gigante descoberto Rio Grande do Sul
Ilustração do anfíbio gigante Kwatisuchus rosai, descoberto no Rio Grande do Sul. Imagem: Márcio Castro/ Unipampa.

Quando pensamos em anfíbios normalmente nos vem à cabeça animais como sapos, pererecas, rãs, salamandras e cobras cegas, que são animais pequenos. Mas isso não foi sempre assim, a muitos milhões de anos atrás esses animais eram gigantescos e dominavam ecossistemas inteiros!

Antes do surgimento dos dinossauros, no início do período Triássico, os anfíbios eram animais gigantes que dominavam o ambiente, com uma aparência e modo de vida bem semelhante aos crocodilos e jacarés que conhecemos.

Em meio a rochas de uma fazenda na área rural da cidade de Rosário do Sul, no interior do estado do Rio Grande do Sul, paleontólogos liderados pela equipe do Laboratório de Paleobiologia da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) descobriram o crânio de uma nova espécie de anfíbio gigante que viveu há, aproximadamente, 250 milhões de anos!

Na verdade, o crânio foi descoberto em escavações feitas em agosto de 2022. Porém, após a descoberta o crânio teve que passar por um longo e delicado processo de limpeza, para ficar livre de qualquer resquício da rocha onde foi encontrado, para depois ser estudado em detalhes nas instalações da Unipampa.

Após ser analisado e identificado como uma nova espécie de anfíbio gigante, a espécie ganhou o nome de Kwatisuchus rosai. “Kwati” faz referência ao termo Tupi para “focinho comprido”, já que a cabeça do animal descoberto era comprida e pontuda com a dos crocodilos atuais. Já o segundo nome “rosai” faz uma homenagem ao paleontólogo Átila Stock Da-Rosa, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que foi um pioneiro na localização de sítios fossilíferos - áreas que possuem condições propícias à formação e preservação de fósseis - desta idade, um deles foi o local onde foi encontrada essa nova espécie.

O Kwatisuchus era um sobrevivente. Viveu em um ambiente devastado pela maior extinção em massa da história do planeta - disse Felipe Pinheiro, paleontólogo da Unipampa e coordenador da pesquisa.

O Kwatisuchus pertencia ao grupo dos temnospôndilos que eram anfíbios carnívoros, geralmente de grande porte, muito abundantes em ecossistemas aquáticos, mas que também eram encontrados em ecossistemas terrestres. Esses animais chegavam até 5 metros de comprimento, mas estima-se que o Kwatisuchus descoberto era um animal de médio porte, com comprimento estimado de 1.5 metros.

Os temnospôndilos eram muito diversos e viveram em diversas partes do planeta, além de terem sobrevivido à maior extinção em massa de todos os tempos. Os cientistas responsáveis por essa nova descoberta ficaram surpresos ao descobrir que os parentes mais próximos do Kwatisuchus foram todos encontrados na Rússia, o que mostra que em algum momento da história da Terra a fauna do Brasil e da Rússia tinham uma conexão.

Imagens do crânio do anfíbio Kwatisuchus rosai descoberto no RS. Imagem: Felipe Pinheiro/ Unipampa.

“Naquele momento, os continentes estavam unidos em um supercontinente chamado Pangeia e a distância entre o Brasil e a Rússia era menor. Ainda assim, existiam barreiras. É incrível encontrar esse e outros animais que provavelmente conseguiram ultrapassar esses obstáculos. Participar do achado dessa nova espécie foi muito emocionante e suas similaridades com espécies russas instigam novos estudos para entender como essas conexões se deram” disse a ecóloga e paleontóloga Arielli Fabrício Machado, pesquisadora da Unipampa, ao site de notícias da universidade.

Essa não é a primeira descoberta de uma espécie animal mais antiga que os dinossauros no estado do Rio Grande do Sul! No ano passado, pesquisadores do Laboratório de Paleontologia também da Unipampa apresentaram a descoberta de um crânio completo e partes do esqueleto de um Pampaphoneus, que datam de cerca de 265 milhões de anos atrás, o mais antigo grande predador terrestre da América do Sul.

Referência da notícia:

https://unipampa.edu.br/saogabriel/descoberta-anfibio-gigante-mais-antigo-que-dinossauros-e-encontrado-no-rio-grande-do-sul