Descoberto fóssil de escorpião gigante na Austrália que ultrapassava o tamanho de uma pessoa
Pesquisadores divulgaram recentemente a descoberta de um fóssil gigante de um escorpião marinho na Austrália, que ultrapassava o tamanho de uma pessoa adulta. Veja mais informações.
Os escorpiões marinhos (eurypterids) são um grupo de quelicerados aquáticos extintos que têm um registro fóssil que abrange o período Ordoviciano (entre 510 a 433 milhões de anos) até o fim do período Permiano (entre 280 e 245 milhões de anos, o último período da era Paleozoica).
Os eurypterids já foram documentados na Europa, na América do Norte e, mais recentemente, na China. Na Austrália há evidências particularmente limitadas desse grupo, porém, agora, pesquisadores encontraram um fóssil gigante, maior que o tamanho de uma pessoa adulta, em Nova Gales do Sul, sudoeste do país. A descoberta foi divulgada recentemente na revista Gondwana Research. Veja os detalhes abaixo.
Sobre os escorpiões marinhos, gigantes dos mares antigos
Esses predadores antigos, conhecidos como euriptéridos, podiam crescer mais de 2,7 metros de comprimento. Com suas poderosas garras, exoesqueletos resistentes e habilidades de natação, eles provavelmente dominavam os mares da era Paleozoica, assim como os tubarões atualmente.
Mas eles desapareceram misteriosamente. O registro fóssil desses animais atingiu seu auge durante o período Siluriano, há cerca de 444 milhões de anos, antes de se extinguir no início do Devoniano, há cerca de 393 milhões de anos.
A descoberta do fóssil gigante
A pesquisa foi liderada pelo paleobiólogo Russell Bicknell, do Museu Americano de História Natural, nos Estados Unidos, e revelou a descoberta de um fóssil australiano de escorpião marinho da era Paleozoica (há mais de 400 milhões de anos), que foi analisado em detalhes.
Até então, os fósseis encontrados na Austrália eram escassos e fragmentados demais para identificar grandes espécies.
Foram encontrados novos fragmentos de um conjunto de fósseis em Nova Gales do Sul, no sudoeste do país, incluindo parte da cabeça. Para Bicknell, tratam-se de dois tipos de euriptéridos: Pterygotus e Jaekelopterus (o maior escorpião marinho que se tem registro).
As análises das rochas onde estava o fóssil indicaram que, provavelmente, esses animais habitavam mares rasos e deltas ao redor das margens dos continentes. Além disso, fezes contendo fragmentos de trilobitas (pequenos artrópodes do Paleozoico) sugerem que esses gigantes poderiam se alimentar de presas crocantes, como peixes e artrópodes menores.
Escorpiões cruzaram os oceanos na era Paleozoica
A pesquisa indicou também que essas criaturas eram capazes de atravessar os vastos oceanos há mais de 400 milhões de anos, estendendo seu alcance ao supercontinente Gondwana, onde não eram encontrados antes. Na época, uma jornada entre Gondwana e o supercontinente Euroamérica poderia ser de até milhares de quilômetros.
"Isso ultrapassa os limites do que sabíamos sobre o comportamento de artrópodes gigantes. É incrível pensar que eles foram capazes de migrar tão longe", disse Bicknell.
À medida que novas descobertas forem sendo feitas, os pesquisadores esperam entender melhor a história dos escorpiões marinhos gigantes e o que levou à sua extinção tão repentina e misteriosa. E como artrópodes gigantes não são vistos desde os escorpiões marinhos, estudá-los pode ajudar a encontrar novos fósseis.
Referência da notícia:
Bicknell, R. D. C. et al. Novel pterygotid sea scorpions from the Silurian and Devonian of Gondwana. Gondwana Research, 2024.