Dieta tradicional japonesa é associada a menor encolhimento cerebral em mulheres
Um estudo publicado recentemente identificou que a dieta tradicional japonesa é associada a um menor encolhimento do cérebro em mulheres, em comparação com a dieta de países ocidentais.
Não é de hoje que sabemos que a alimentação dos japoneses é rica em vitaminas e minerais, contribuindo para a longevidade e outros benefícios em nossa saúde. Inclusive, a nutrição tem um papel importante na prevenção de doenças que afetam o cérebro, como declínio cognitivo e demência.
Agora, um estudo recente publicado na revista Nutrition Journal sugere que seguir uma dieta típica japonesa é benéfico para a saúde do cérebro, já que foi observado um menor encolhimento cerebral em mulheres que viviam dessa dieta, em comparação com mulheres que viviam da dieta ocidental.
Como é a dieta tradicional japonesa?
O Japão é conhecido pela longevidade da população. A província de Okinawa, por exemplo, tem um número elevado de pessoas com mais de 100 anos e, por isso, é conhecida como “Zona Azul”, uma região onde as pessoas vivem vidas excepcionalmente longas. Isso é atribuído, em parte, à dieta tradicional japonesa.
A dieta japonesa inclui alimentos como arroz, peixes, mariscos e frutas, principalmente as cítricas (laranja, tangerina, limão, etc). Mas o que a torna tão única são os alimentos tradicionais como o missô (uma pasta de soja fermentada), algas marinhas, picles, chá verde, brotos de soja e cogumelos (como o shiitake). Além disso, caracteriza-se pela baixa ingestão de carne vermelha e de café.
Vale destacar que essa dieta é apenas um hábito cultural dos japoneses, e não uma dieta adotada para atingir um objetivo específico como a perda de peso, por exemplo; ou seja, é simplesmente o que eles gostam de comer diariamente.
Saúde do cérebro vs. dieta japonesa
Para o estudo, os pesquisadores analisaram amostras de 1.636 adultos japoneses com idades entre 40 e 89 anos. Primeiramente, foi pedido que os participantes registrassem tudo o que comessem e bebessem durante três dias. Com isso, foi calculada a ingestão alimentar média diária de cada um, o que dá uma boa medida básica dos hábitos alimentares normais dos participantes.
Também foram coletadas informações sobre o estilo de vida e saúde, incluindo se o participante tinha predisposição genética para demência, se fumava, o seu nível de atividade física e se tinha algum problema de saúde existente. Isso foi feito para garantir que os resultados pudessem ser atribuídos exclusivamente à dieta.
Após isso, foi medido o encolhimento cerebral (perda de neurônios) dos participantes durante 2 anos, através de ressonância magnética.
Foi observado que as mulheres que seguiram a dieta tradicional japonesa tiveram menos encolhimento cerebral em comparação com as mulheres que seguiram a dieta ocidental. E este efeito só foi aparente nas mulheres; não houve diferença na quantidade de encolhimento do cérebro em homens que seguiram ambas as dietas.
Muitos alimentos da dieta japonesa são ricos em vitaminas, polifenóis, fitoquímicos e ácidos graxos insaturados, componentes conhecidos pelos seus efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios, que basicamente ajudam a manter o cérebro e os neurônios funcionando melhor.
O próximo passo dos pesquisadores será investigar as razões pelas quais foram observadas as diferenças entre homens e mulheres.
Referência da notícia:
Zhang, S. et al. Associations of dietary patterns and longitudinal brain-volume change in Japanese community-dwelling adults: results from the national institute for longevity sciences-longitudinal study of aging. Nutrition Journal, v. 23, n. 34, 2024.