DNA sintético vai substituir discos rígidos de computador na próxima década
Dispositivo inspirado no armazenamento do nosso código genético levará ao desenvolvimento de mídias muito menores, mais potentes e capazes de garantir a integridade das informações por muito mais tempo.
Cada notícia e cada imagem que você lê, cada vídeo que você assiste, cada curtida, comentário, ou mesmo o simples fato de navegar na internet - Tudo isso gera uma quantidade gigantesca de dados todos os dias. Com a expansão do uso de computadores e smartphones, a tendência é que essa quantidade aumente cada vez mais.
Preocupados com a crise iminente que essa situação pode gerar nos próximos anos, cientistas estão começando a estudar alternativas mais eficientes para armazenamento de dados. Uma das mais promissoras envolve o uso de versões sintéticas do DNA para guardar informações digitais.
Mas como é possível usar DNA para guardar informações digitais?
O DNA, ou ácido desoxirribonucleico, é um sistema natural de armazenamento de dados que está presente em todas as células. Graças ao estudo de materiais genéticos como o DNA, temos acesso às informações biológicas dos neandertais, extintos há mais de 30 mil anos, e até mesmo de mamutes, que viveram a mais de 1 milhão de anos atrás.
E de fato, a capacidade de armazenamento de dados em DNA é 115 mil vezes superior à das mídias magnéticas empregadas atualmente nos data centers. No mesmo espaço físico de um cartucho de fita magnética de 18 terabytes, seria possível guardar 2 milhões de terabytes em DNA.
Além disso, grande parte do consumo de energia em data centers serve para a manutenção dos equipamentos e climatização adequada das salas de armazenamento, que devem permanecer frias. O DNA, no entanto, pode ser mantido em temperatura ambiente, o que por si só já reduz consideravelmente o consumo de energia.
Como se não fosse o suficiente, as mídias magnéticas atuais são produzidas com materiais provenientes de mineração e derivados de petróleo, e duram no máximo 30 anos - precisando ser substituídas frequentemente. Dados digitais arquivados em DNA serão legíveis por milhares de anos, sem precisar de substituição.
Quando teremos acesso à tecnologia de armazenamento por DNA?
A produção de DNA sintético e o armazenamento de dados nele já são realizados pela indústria de biotecnologia, mas a escala é baixa e a velocidade ainda é muito lenta. O processo não envolve organismos vivos - A molécula de DNA é fabricada por meio de síntese química.
Para que esta tecnologia se torne acessível, será necessário aperfeiçoar diversos processos - E em especial, os métodos de síntese química que, simultaneamente, constroem as moléculas de DNA e escrevem os códigos digitais em suas bases nitrogenadas. Ainda há muita pesquisa pela frente, mas estima-se que essa tecnologia poderá ser utilizada daqui a dez anos.
Felizmente, o Brasil não está ficando para trás nesse sentido - O projeto Prometheus, criado em 2021 como uma parceria entre o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e a fabricante chinesa de dispositivos eletrônicos Lenovo, já tem 40 pesquisadores trabalhando nesta tecnologia e deve se tornar um dos pioneiros do armazenamento em DNA ao longo da próxima década. Agora é esperar pelos resultados.