Drones estão transformando controle biológico de pragas em culturas de milho e soja no Brasil, segundo novo estudo
Um estudo recente revela que o uso de drones para aplicar biopesticidas em culturas de milho e soja está transformando o controle de pragas, oferecendo uma alternativa eficaz e sustentável aos métodos tradicionais.
A agricultura moderna enfrenta desafios crescentes relacionados ao controle de pragas, que afetam diretamente a produtividade e a sustentabilidade das culturas. Tradicionalmente, os pesticidas químicos têm sido a solução principal, mas suas implicações ambientais e na saúde humana impulsionam a busca por alternativas mais seguras.
Uma dessas alternativas é o uso de biopesticidas, que, quando combinados com tecnologias avançadas como drones, oferecem uma abordagem promissora para o manejo integrado de pragas (MIP). Um estudo recente da EMBRAPA explora o uso do fungo Metarhizium rileyi, aplicado por drones, para controlar pragas em campos de milho e soja.
A Importância do controle biológico no manejo de pragas
O controle biológico, utilizando agentes como fungos entomopatogênicos, desempenha um papel crucial na agricultura sustentável. Metarhizium rileyi, um fungo conhecido por infectar larvas de diversas espécies de lagartas, é um exemplo notável
Este biopesticida age de forma específica, atacando pragas como a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) e a lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens), comuns em culturas de milho e soja. A aplicação de M. rileyi não apenas reduz a dependência de produtos químicos, mas também ajuda a preservar os inimigos naturais das pragas, promovendo um ecossistema agrícola mais equilibrado.
O uso de drones no controle de pragas
Os drones estão revolucionando a agricultura, permitindo a aplicação precisa de pesticidas e biopesticidas. No estudo em questão, um drone foi utilizado para dispersar o M. rileyi em forma de conídios secos sobre campos de milho e soja. Equipado com um dispositivo de dispersão de precisão, o drone distribuiu cerca de 50 gramas de conídios por hectare, alcançando uma cobertura uniforme com mínima deriva.
A capacidade de ajustar a altura de voo e a velocidade do drone permite uma aplicação mais eficiente e adaptada às condições específicas do campo, algo que métodos tradicionais não conseguem oferecer com a mesma precisão.
Resultados do estudo: eficiência do Metarhizium rileyi aplicado por drones
Os resultados mostraram que a aplicação de M. rileyi via drone foi eficaz no controle das pragas. Em campos de milho, a mortalidade das larvas de Spodoptera frugiperda alcançou 35,1%, enquanto na soja, as larvas de Chrysodeixis includens tiveram uma mortalidade de 33,5%.
Apesar dos resultados promissores, o estudo identificou desafios, como a baixa taxa de recuperação de conídios nas plantas, o que sugere a necessidade de aperfeiçoamentos nos equipamentos de dispersão e nos parâmetros de voo dos drones. Além disso, o impacto das condições climáticas, como o vento, deve ser considerado para otimizar a eficiência do controle biológico.
Futuras pesquisas deverão focar na melhoria das formulações dos biopesticidas e na adaptação das tecnologias de aplicação, garantindo que a utilização de drones se torne uma prática padrão e altamente eficaz no controle de pragas agrícolas.
O uso de drones para a aplicação de Metarhizium rileyi representa uma inovação significativa no manejo integrado de pragas. Embora ainda haja desafios a serem superados, os resultados deste estudo são encorajadores e indicam que, com os devidos ajustes, essa tecnologia pode se tornar uma ferramenta essencial na agricultura moderna.
Ao integrar biopesticidas com tecnologias avançadas, os agricultores podem reduzir o uso de produtos químicos, preservar o meio ambiente e aumentar a eficiência das colheitas, promovendo um futuro mais sustentável para a agricultura.
Referência da notícia:
Lopes, R. B., Nicodemos, F. G., Zacaroni, A. B., de Souza, H. R., & Faria, M. (2024). Dusting Metarhizium rileyi conidia with a drone for controlling fall armyworm and soybean looper in maize and soybean fields. BioControl, 1-11.