É provável que a Terra tenha se formado dentro de uma nebulosa solar
Grandes quantidades de hélio provenientes do Big Bang, e que permanecem no núcleo da Terra, sugerem que nosso planeta se formou no interior de uma nebulosa solar, de acordo com um novo estudo publicado na American Geophysical Union. Saiba mais aqui!
De acordo com um novo estudo, o hélio-3, um isótopo raro de gás hélio, está escapando do núcleo da Terra. Como quase todo o hélio-3 é proveniente do Big Bang, a liberação deste gás dá indícios de que a Terra se formou dentro de uma nebulosa solar, um assunto que tem sido discutido há muito tempo.
O hélio-3 tem sido medido na superfície da Terra em quantidades relativamente pequenas. Contudo, os cientistas não sabiam exatamente qual a quantidade que estava escapando do núcleo da Terra ou das camadas médias (o manto).
O núcleo seria uma das principais fontes de hélio-3?
Alguns processos naturais, como a desintegração radioativa do trítio, podem gerar hélio-3, porém, este elemento é encontrado, principalmente, em nebulosas solares. Estas nebulosas são nuvens maciças de gás e poeira, tais como as que deram origem ao nosso Sistema Solar.
Como o hélio foi um dos primeiros elementos produzidos no Universo, grande parte do hélio-3 pode ser rastreado de volta até ao Big Bang. À medida que um planeta cresce, ele acumula material do seu entorno, e sua composição então reflete o ambiente no qual se formou.
Para se ter altas concentrações de hélio-3 no núcleo da Terra, ela deveria ter se formado no interior de uma nebulosa solar próspera, não nas suas bordas ou durante a sua fase de declínio. A pesquisa apoiada pela Fundação Nacional de Ciência dos EUA oferece novas respostas aos mistérios que envolvem a formação da Terra. O estudo foi publicado na revista Geochemistry, Geophysics, Geosystems, da American Geophysical Union.
Cerca de 2.000 gramas de hélio-3 escapam para fora da Terra todos os anos, "o suficiente para encher um balão do tamanho da sua mesa", disse o autor principal do estudo Peter Olson, geofísico da Universidade do Novo México. "É uma maravilha da natureza e uma pista para a história da Terra, que ainda haja uma quantidade significativa deste isótopo no seu interior".
O escape de hélio se deve ao impacto de um objeto na Terra?
Os pesquisadores modelaram o hélio durante dois períodos essenciais na história da Terra: a formação inicial, quando o planeta estava acumulando hélio, e após a formação da Lua, quando perdeu-se hélio. As evidências sugerem que um objeto, com um terço do tamanho da Terra, atingiu o planeta no início da sua história, há cerca de 4 bilhões de anos. Esse impacto pode ter feito com que a crosta da Terra derretesse de novo, permitindo o escape de grande parte do hélio. O gás continua escapando até hoje.
Usando o cálculo da taxa de escape de hélio-3 juntamente com modelos de comportamento isotópico do gás, os pesquisadores estimaram que existe entre 10 teragramas (1013 gramas) a um petagrama (1015 gramas) de hélio-3 no núcleo - uma grande quantidade que, segundo Olson, indica a formação da Terra no interior de uma nebulosa solar, onde altas concentrações do gás teriam permitido a sua acumulação nas profundezas do planeta.