Enigma do Sol “azul”: cientistas desvendam a origem de fenômeno ocorrido há quase 200 anos
A 194 anos atrás, o Sol "ficou azul" por vários meses, e até recentemente não se sabia o por quê. Mas agora a ciência finalmente desvendou o mistério por trás desse fenômeno. Acompanhe os detalhes abaixo.

Vamos primeiro entender o que foi esse enigma do Sol “azul”. Em 1831, um evento incomum chamou a atenção de todos ao redor do mundo: por vários meses, o Sol “adquiriu” uma coloração azulada, acompanhada por tons de roxo e verde.
Acontece que a nossa estrela mudou de aspecto aqui da Terra, causando mudanças no clima de todo o planeta. Durante o verão daquele ano, relatos de temperaturas anormalmente frias e condições climáticas severas surgiram em diferentes partes do mundo.
Posteriormente, cientistas até suspeitavam que uma erupção vulcânica estivesse por trás desse fenômeno, mas a falta de registros precisos impedia a confirmação; e além disso, eles não sabiam que vulcão seria esse, e por isso tal erupção ficou conhecida como “fantasma”.
A origem desse fenômeno permaneceu sem explicação por quase dois séculos, até que agora finalmente os cientistas encontraram uma resposta concreta. A descoberta foi divulgada em um artigo na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Revelada a origem do fenômeno
Utilizando tecnologia moderna para analisar micro fragmentos de cinzas em amostras de gelo polar da Groenlândia, pesquisadores da Universidade de St. Andrews, no Reino Unido, descobriram uma ligação direta entre as cinzas encontradas e a erupção do vulcão Zaritski, localizado nas Ilhas Curilas, no Pacífico, atualmente parte do território russo.
A erupção de grande magnitude do vulcão Zaritski injetou aproximadamente 13 Teragramas (Tg) de enxofre na estratosfera, o que produziu vários fenômenos ópticos atmosféricos, deixando o Sol “azul”, visto da Terra. Além disso, esse gás formou aerossóis de sulfato que funcionaram como pequenos espelhos, refletindo a luz solar de volta ao espaço, o que provocou o resfriamento global observado.
“O Zaritski está localizado em uma ilha extremamente remota entre o Japão e a Rússia. Ninguém vive lá e os registros históricos se limitam a alguns diários de navios que passavam por essas ilhas a cada poucos anos”, disse Wiliam Hutchison, autor principal do estudo, em entrevista à CNN.
Hutchison ainda explicou: “Analisamos a química do gelo em uma resolução temporal muito alta. Isso nos permitiu apontar o momento preciso da erupção para a primavera-verão de 1831, confirmar que foi altamente explosiva e, então, extrair os pequenos fragmentos de cinzas”.

Mas este não foi o único. A ciência explica que fenômenos semelhantes ocorreram em outras ocasiões, como na erupção do Monte Tambora em 1815, que causou o famoso "Ano Sem Verão".
E embora esse fenômeno de 1831 tenha sido finalmente explicado, os pesquisadores alertam que erupções vulcânicas remotas de grande magnitude ainda representam um risco significativo para o planeta, já que têm a capacidade de alterar o clima global.
Segundo Hutchison, é importante que haja um plano coordenado para responder a futuros eventos como este, pois sua ocorrência pode impactar drasticamente a economia, a agricultura e a vida cotidiana em diferentes regiões do planeta.
Referências da notícia
The 1831 CE mystery eruption identified as Zavaritskii caldera, Simushir Island (Kurils). 05 de dezembro, 2024. Hutchison, et al.
O Sol ficou “azul” há quase 200 anos e agora sabemos o real motivo. 11 de janeiro, 2025. Lucas Soares.
Por que o Sol ficou azul 200 anos atrás? Cientistas acreditam ter a resposta. 14 de janeiro, 2025. Danielle Cassita.