Equipe do Brasil conquista terceiro lugar em competição internacional de mapeamento da biodiversidade

A competição XPRIZE Rainforest durou 5 anos e premiou as melhores soluções com foco na temática. Time brasileiro foi o único finalista e vencedor no Sul Global.

Equipe brasileira ganhadora do XPRIZE
Equipe vencedora do XPRIZE foi coordenada por pesquisador da USP. Crédito: Brazilian Team

Os vencedores da XPRIZE Rainforest foram anunciados em novembro durante a Cúpula Social do G20, no Rio de Janeiro. A Equipe Brasileira (ou Brazilian Team, conforme a inscrição oficial) foi premiada em terceiro lugar e recebeu o valor de US$500.000 pelo desenvolvimento de tecnologias e protocolos para a avaliação rápida e replicável da biodiversidade em florestas tropicais em todo o planeta.

A XPRIZE é uma organização que há 30 anos promove concursos de incentivo e aceleração de descobertas nos mais diversos campos do saber - de saúde e alimentação ao clima e exploração espacial - que respondam a grandes questões da humanidade. A XPRIZE Rainforest foi lançada em 2019 com foco no monitoramento, estudo e proteção da biodiversidade em florestas tropicais. Cerca de 300 equipes multidisciplinares de 70 países participaram do desafio e 6 delas foram selecionadas para participar da etapa final da competição, em julho de 2024.

Entre os finalistas, o Brazilian Team foi a única equipe sediada em um país tropical e no Hemisfério Sul. O time de especialistas foi liderado pelo biólogo e professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), Vinicius Souza.

O primeiro lugar da competição ficou com a equipe Limelight Rainforest e o segundo lugar com o time da Map of Life Rapid Assessments.

“O XPRIZE Rainforest inspirou as equipes a avançar na coleta de dados de biodiversidade e nas ferramentas de avaliação para reduzir drasticamente o tempo e as lacunas de dados e aprimorar os esforços globais de conservação das florestas tropicais, e estamos incrivelmente orgulhosos das tecnologias que essas equipes produziram”, disse Anousheh Ansari, CEO da XPRIZE.

Final na Amazônia testou soluções tecnológicas dos competidores

Após um longo e rigoroso processo de seleção, as soluções propostas pelos finalistas da XPRIZE Rainforest foram postas em prova no local mais biodiverso do planeta: a Amazônia. Mais especificamente, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, a cerca de 75 km de Manaus (AM). Em uma porção de floresta de 100 hectares, as equipes foram testadas a coletar a maior quantidade de amostras de biodiversidade em 24 horas e, a partir delas, gerar informações e análises com qualidade e impacto em 48 horas.

A equipe brasileira desenhou um modelo de monitoramento e avaliação de dados que se utiliza de ferramentas existentes, como drones, aplicativos móveis e dispositivos bioacústicos, e na integração de áreas do conhecimento, entre Biologia, Robótica, Genética e Informática. O foco é o estudo de plantas e animais, o que envolve a taxonomia e lista de espécies e ocorrências na área investigada, identificação biológica via sensoriamento remoto e inteligência artificial, análises bioacústicas e sequenciamento de material genético em campo.

Ao final da prova, o Brazilian Team conseguiu documentar 418 organismos vivos, entre eles 266 foram identificados até o nível da espécie e 3 são possíveis descobertas científicas. Participaram da empreitada 18 pesquisadores para as coletas in loco na floresta amazônica e o restante do time seguiu com a análise remota dos dados. Além de profissionais do Brasil, a equipe de ganhadores é composta por profissionais da Colômbia, França, Alemanha, Espanha, Portugal, Reino Unido e Estados Unidos.

Cooperação e integração de saberes garantiram o prêmio

O coordenador do grupo, Vinicius Souza, ressaltou que “a equipe se esforçou para identificar plantas e animais até o nível taxonômico mais refinado possível, aproveitando essas identificações para análises e insights sobre a biodiversidade local”.


Pesquisadores preparam máquina de coleta em campo
Time de pesquisadores integrou tecnologias e abordagens para melhorar monitotamento de biodiversidade. Crédito: Brazilian Team

“As descobertas das equipes beneficiarão não apenas o Brasil, mas também países da América Latina, África e Ásia que possuem florestas tropicais em seus territórios”, disse o pesquisador em entrevista para o jornal da USP.

Com o valor do prêmio, o Brazilian Team pretende criar um fundo de pesquisas e capacitação para conservação e restauração da Amazônia e Mata Atlântica. Assim, o legado do XPRIZE pode ser perpetuado em outras iniciativas de proteção da biodiversidade de florestas tropicais.

Para saber mais sobre o Brazilian Team e a premiação, acesse o site.

Referência da notícia

Jornal da USP. Equipe brasileira é destaque em desafio de mapeamento da biodiversidade em florestas tropicais. 2024

XPRIZE. Brazilian Team. 2024

PR Newswire. XPRIZE RAINFOREST NAMES LIMELIGHT RAINFOREST WINNER OF BIODIVERSITY TECH COMPETITION. 2024