Estudo afirma que níveis muito altos de colesterol “bom” aumentam o risco de demência
Um novo estudo realizado com 18 mil idosos descobriu que aqueles que tinham níveis muito altos de colesterol HDL, o chamado colesterol “bom”, corriam maior risco de desenvolver demência.
O colesterol é um composto essencial à vida, uma gordura que desempenha funções importantes no nosso organismo. A maior parte que o organismo necessita é sintetizada pelo fígado. O restante vem da alimentação, a qual deve ser equilibrada para que seus níveis se mantenham adequados.
Mas tudo na vida tem um limite. Um estudo recente, publicado na revista The Lancet Regional Health, identificou que o colesterol HDL, conhecido popularmente como colesterol “bom”, quando em níveis muito altos no sangue, aumenta o risco de demência. Saiba mais aqui conosco.
Mas o que é o colesterol “bom”?
O colesterol HDL (High Density Lipoprotein), ou colesterol “bom”, é uma lipoproteína de alta densidade responsável por remover o excesso de colesterol dos tecidos corporais. Atua no processo de eliminação de gorduras do organismo, ajudando a prevenir doenças como infarto, aterosclerose, AVC e trombose.
Além disso, o colesterol HDL tem ação anticoagulante, anti-inflamatória e antioxidante quando está em quantidades ideais no sangue, e auxilia na produção de hormônios, da bile e vitamina D, que são importantes para o bom funcionamento do corpo.
É encontrado em abacates, amendoim, aveia, soja, sementes (chia, linhaça, girassol), oleaginosas (amêndoas, castanha-do-pará, castanha-de-caju), azeite extra virgem e peixes ricos em ômega 3, como salmão, atum e sardinha.
Quais os níveis recomendados e os que aumentam o risco de demência?
Em geral, recomenda-se que os valores do HDL estejam pouco acima de 40 mg/dl. Os pesquisadores avaliaram dados de 18.668 pessoas com 65 anos ou mais, coletados entre 2010 e 2014, e notaram que aqueles que tinham o colesterol HDL igual ou superior a 80 mg/dL no início do estudo corriam um risco 27% maior de desenvolver demência, em comparação com os participantes com níveis ideais de HDL.
O risco foi maior para os idosos com mais de 75 anos, que apresentaram um risco aumentado de 42% em comparação com aqueles com níveis ideais. Além disso, entre todos os participantes, 850 foram diagnosticados com demência nos seis anos seguintes.
Vale destacar que os idosos avaliados nesta pesquisa não tinham diagnóstico de doença cardiovascular, demência, deficiência física ou doença potencialmente fatal no momento da inscrição no estudo e foram avaliados como cognitivamente saudáveis.
Outros dados: entre os 18.668 participantes, 2.709 apresentavam níveis muito altos de HDL no início do estudo, com 38 incidentes de demência em idosos com menos de 75 anos e 101 naqueles com 75 anos ou mais.
O estudo é apenas observacional, isto é, não estabelece uma relação de causa e efeito. Por isso, os autores consideram que mais pesquisas são necessárias para explicar por que um nível muito alto de colesterol HDL pode afetar o risco de demência. De qualquer forma, os autores acreditam que esses resultados podem ajudar a melhorar a compreensão dos mecanismos por trás da demência.
Referência da notícia:
HUSSAIN, S. M. et al. Association of plasma high-density lipoprotein cholesterol level with risk of incident dementia: a cohort study of healthy older adults. The Lancet Regional Health, 2023.