Estudo aponta avanço da erosão na Amazônia: milhares de pessoas em risco

Uma pesquisa recente aponta que milhares de ribeirinhos na Amazônia vivem sob risco de erosão e sedimentação, ameaçando moradias, infraestrutura e acesso a recursos essenciais. O estudo destaca a urgência de medidas para mitigar esses impactos.

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Seca extrema e desmatamento reduzem drasticamente os rios da Amazônia, expondo leitos rachados e isolando comunidades ribeirinhas.

Nos vastos rios da Amazônia, onde a água molda o destino das comunidades locais, um fenômeno silencioso, mas devastador, tem ameaçado milhares de pessoas: a erosão fluvial. Uma pesquisa recente publicada no Communications Earth & Environment revelou que quase metade da população ribeirinha na região central da Amazônia vive em áreas instáveis, sujeitas à erosão e à sedimentação.

Esse processo natural, impulsionado por forças hídricas e pela dinâmica dos rios, está alterando radicalmente o modo de vida dessas comunidades.

A pesquisa combina imagens de satélite com dados socioeconômicos para mapear as áreas mais vulneráveis. O estudo destaca que 26% das comunidades são afetadas pela erosão das margens, o que pode levar ao desaparecimento de moradias, estradas e plantações. Outras 18,5% estão expostas à sedimentação, um fenômeno que pode isolar vilarejos ao criar bancos de areia que dificultam a navegação e o acesso a recursos essenciais.

O impacto da erosão e sedimentação nas comunidades ribeirinhas

Os rios amazônicos são dinâmicos e suas margens estão em constante transformação. Enquanto a sedimentação pode afastar vilarejos dos cursos d'agua, tornando o transporte mais difícil, a erosão pode provocar desmoronamentos que destroem casas e infraestruturas. Durante eventos climáticos extremos, como as grandes secas de 2023-2024, esses impactos foram ainda mais severos, com diversas comunidades perdendo moradias e ficando isoladas.

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A seca extrema na Amazônia intensifica a sedimentação e a erosão, isolando comunidades e dificultando o transporte.

Os moradores têm poucas opções para lidar com essa situação. Muitas comunidades adotam a migração como estratégia de sobrevivência, reconstruindo suas casas em locais mais seguros sempre que necessário. No entanto, essa solução exige grandes esforços e pode comprometer a identidade cultural dos povos ribeirinhos, que têm suas histórias profundamente ligadas ao território.

Como a tecnologia pode ajudar a monitorar e prevenir danos

A pesquisa destacou o uso de imagens de satélite para monitorar mudanças no leito dos rios e prever riscos futuros. Essa tecnologia permite identificar regiões onde a erosão e a sedimentação estão mais intensas, ajudando na elaboração de estratégias de prevenção. Algumas medidas que podem ser adotadas incluem:

  • Reflorestamento de margens: O plantio de árvores nativas pode ajudar a estabilizar o solo e reduzir a velocidade da erosão.
  • Engenharia natural: O uso de barreiras vegetais e estruturas sustentáveis pode minimizar os impactos da correnteza.
  • Mapeamento de risco: A criação de mapas de vulnerabilidade permite identificar as comunidades mais ameaçadas e planejar soluções específicas.
  • Educação e conscientização: Treinar moradores para reconhecer sinais de risco e adotar medidas preventivas pode reduzir danos futuros.

Com o avanço da tecnologia e o maior acesso a dados, é possível prever e minimizar os impactos da erosão e sedimentação antes que se tornem desastres.

O desafio da erosão no Brasil: o que pode ser feito?

No Brasil, a erosão e a sedimentação não afetam apenas a Amazônia, mas também outras regiões onde rios desempenham um papel fundamental no transporte e na economia. Entretanto, a falta de investimentos em infraestrutura e prevenção agrava os problemas, deixando muitas comunidades sem apoio adequado.

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Ribeirinhos dependem dos rios para transporte e economia, mas a erosão e a sedimentação ameaçam essa dinâmica, exigindo investimentos em infraestrutura e prevenção.

Para enfrentar esse desafio, é essencial que governos e instituições acadêmicas fortaleçam pesquisas sobre dinâmica fluvial e desenvolvam políticas públicas voltadas à proteção das populações vulneráveis. Algumas ações prioritárias incluem a implementação de sistemas de alerta precoce, a criação de programas de realocação segura e o incentivo a projetos de reflorestamento em margens de rios.

O estudo publicado traz um alerta importante: a erosão e a sedimentação são fenômenos naturais, mas seus impactos podem ser mitigados com planejamento e inovação. Investir em soluções sustentáveis é o caminho para garantir a segurança das comunidades ribeirinhas e preservar os ecossistemas fluviais tão essenciais para o Brasil.

Referência da notícia

Riverine communities in the Central Amazon are largely subject to erosion and sedimentation risk. 20 de fevereiro, 2025. Zumak, A., Fassoni-Andrade, A.C., Pereira, H.C. et al.