Estudo Nature: furacões devem atingir cada vez mais regiões populosas
Chuvas mais constantes para o futuro os cientistas discutiram na COP 21, mas esse novo estudo revela que algumas cidades famosas serão atingidas por tempestades tropicais devido as Mudanças do Clima.
Quem não lembra que o Brasil já teve um único furacão, mas assustou muita gente, principalmente gaúchos e catarinenses que estavam a deriva no dia 27 de março de 2004. Chamou-se Catarina por estar na costa catarinense. E para os cientistas, sobretudo, foi um evento muito importante com uma chuva de artigos para entender e relatar esse episódio raro.
Foi um evento inesperado e que não imaginávamos que viria ao encontro da costa, me disse Daniel Calearo, um dos meteorologistas que monitoraram o evento na época, no Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Ciram).
Calearo e eu relembramos o episódio em uma conversa animada no ano que o Catarina fez 15 anos. O que não imaginávamos, naquela conversa, é que haveria um estudo dizendo que os furacões seriam mais frequentes em latitudes médias, onde está o maior fluxo populacional e consequentemente onde tem a maior fluxo econômico.
O pesquisador Joshua Studhome, da Universidade de Yale, Estados Unidos coordenou um estudo revelador publicado na Nature Geoscience com apoio do pesquisador Sergey Gulev, do Shirshov Institute of Oceanology; Kerry Emanuel do Instituto de Tecnologia de Massachusetts; e Kevin Hodges, da Universidade de Reading.
Esses notáveis cientistas alertaram para crescentes ameaças de furacões e tufões para algumas das regiões e cidades mais populosas do mundo, como resultado da mudança na atividade das tempestades em direção aos pólos e latitudes médias.
Os pesquisadores veem uma ameaça crescente às regiões de latitude média, que incluem algumas das cidades mais populosas do mundo como Nova York (EUA), Pequim (China), Boston (Massachusetts) e Tóquio (Japão).
Entenda os furacões e tufões
Os ciclones tropicais, normalmente conhecidos como furacão ou tufão, normalmente se formam em latitudes mais baixas, onde as Temperaturas da Superfície do Mar (TSM) são mais quentes e assim favorecem a formação e intensificação das tempestades tropicais.
Para os dois lados dos hemisférios (norte e sul) os trópicos são um berçário na formação dessas tempestades, embora existam muitas tempestades formadas fora dos trópicos.
O estudo revela que, através de projeções feitas usando modelos, os ciclones tropicais podem migrar para os pólos em resposta às emissões antropogênicas de gases de efeito estufa, ou seja, devido a ação do homem.
O estudo sugere, ainda, que até o final deste século, a atividade dos ciclones tropicais será vista em uma faixa mais ampla de latitudes do que há cerca de 3 milhões de anos.
Com o mundo mais quente, explicaram os cientistas, a diferença de temperatura entre o equador e as regiões polares diminuirá, e isso impactará na troposfera, especialmente nas correntes de jatos (ventos muito fortes em altitude), tornando as trilhas de tempestades de ciclones tropicais mais prováveis de serem vistas em latitudes mais altas e também em latitudes médias.
Eles citam tempestades como o furacão Henri de 2021, que afetou latitudes mais altas, bem como a tempestade subtropical Alpha de 2020, que foi o primeiro ciclone tropical observado a atingir Portugal, como exemplos potenciais de atividade futura. E eu te lembrei no início desse artigo do nosso furacão Catarina.
E não é só isso, os pesquisadorres também sugerem que as tempestades podem se mover vagarosamente e potenciaalmente reter mais umidade causando assim mais chuvas.
A meteorologista, dra. Ana Cristina Palmeira, professora adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, e pesquisadora do Laboratório de Meteorologia Dinâmica e Sinótica (Ladisin) comenta que mesmo nos dias atuais, os estudo sobre ciclones tem melhorado a forma de investigá-los, não apenas em seus aspectos tropicais completos, mas também em características tropicias parciais. Nos últimos anos, a quantidade de ciclones subtropicais pelo litoral brasileiro tem sido vastamente mostrada pela mídia.
A conexão entre o homem e os impactos das mudanças climáticas fica cada vez mais clara e resta sabermos até quando estaremos dispostos a pagar por um preço tão alto pelo descaso com a natureza e termos mais chuvas, mais furacões, micro-explosões (microbursts), vendaval de poeira, enfim...
Saudações Meteorológicas !