Estudo revela ondas de calor marinhas no Atlântico Sul: entenda os impactos e causas
Um estudo recente revelou o aumento das ondas de calor marinhas no Atlântico Sul, apontando suas causas e impactos sobre os ecossistemas marinhos e o clima costeiro, especialmente em regiões da América do Sul, como Brasil e Argentina.
Recentemente, um estudo publicado na Communications Earth & Environment destacou um fenômeno cada vez mais alarmante no Atlântico Sul: as ondas de calor marinhas. Esta pesquisa, conduzida por cientistas de universidades na Europa e no Brasil, oferece uma análise detalhada sobre a formação, características e causas dessas ondas de calor, que estão impactando diretamente a vida marinha e o clima costeiro ao longo da América do Sul.
O que são ondas de calor marinhas?
De acordo com o estudo, ondas de calor marinhas são eventos extremos de aquecimento da superfície do oceano, em que a temperatura da água permanece anormalmente elevada por longos períodos. No Atlântico Sul Ocidental, essas ondas têm se tornado cada vez mais intensas e frequentes, em grande parte devido ao aquecimento global e à variabilidade climática natural, como os eventos de El Niño e La Niña.
O estudo identificou três regiões principais ao longo da costa sul-americana, cada uma com padrões distintos de ondas de calor marinhas. Ao norte, os eventos tendem a ser mais duradouros, enquanto no sul, são mais intensos, mas de curta duração. A área central apresenta características intermediárias. Essa variação regional é importante para entender como o clima global e os sistemas oceânicos interagem.
Principais resultados do estudo
A pesquisa utilizou técnicas avançadas de análise, como o agrupamento por k-means, para identificar diferentes tipos de ondas de calor ao longo da costa. Um dos achados principais do estudo é que as ondas de calor no Atlântico Sul são influenciadas por fenômenos climáticos de larga escala, como o El Niño e a Oscilação Madden-Julian.
Influência do El Niño e La Niña: O estudo mostra que as ondas de calor marinhas ao norte e sul da América do Sul estão fortemente ligadas a esses eventos climáticos. El Niño tende a provocar ondas de calor mais longas na região norte, enquanto La Niña é associada a ondas de calor intensas no sul. Isso demonstra a conexão entre eventos climáticos distantes e os impactos locais nas águas do Atlântico Sul.
Impactos das Ondas de Calor: Ondas de calor marinhas podem ter efeitos devastadores na vida marinha, como a redução da produtividade primária, o declínio de populações de espécies como moluscos e corais, além de afetar os ecossistemas costeiros. O estudo destaca que eventos extremos, como o registrado em 2017, levaram à morte em massa de moluscos no sul do Brasil e Uruguai, além de desencadear marés vermelhas tóxicas, prejudicando a pesca e o turismo.
Causas das ondas de calor marinhas
As causas dessas ondas de calor são tanto locais quanto globais. De acordo com o estudo, elas podem ser geradas por fluxos de calor entre o ar e o mar, dinâmicas oceânicas e variações climáticas de grande escala. Por exemplo, no centro da área estudada, a Oscilação Madden-Julian desempenha um papel crucial, bloqueando a formação de nuvens e aumentando a radiação solar incidente sobre o oceano. Ao mesmo tempo, ventos fracos reduzem o resfriamento da superfície do mar, agravando o aquecimento.
O estudo ressalta que, com o aumento das temperaturas globais, as ondas de calor marinhas no Atlântico Sul continuarão a se intensificar. Isso representa um desafio para a preservação dos ecossistemas marinhos e para as comunidades costeiras que dependem da pesca e do turismo. Identificar e entender os fatores que desencadeiam essas ondas de calor é essencial para o desenvolvimento de sistemas de alerta precoce, que podem ajudar a mitigar seus impactos.
Em conclusão, as ondas de calor marinhas são um reflexo das mudanças climáticas e da complexa interação entre o oceano e a atmosfera. O estudo traz uma contribuição valiosa para a ciência climática e oferece informações importantes para o planejamento de estratégias de adaptação, especialmente nas áreas costeiras mais vulneráveis.
Referência da noticia:
Artana, C., Rodrigues, R.R., Fevrier, J. et al. Characteristics and drivers of marine heatwaves in the western South Atlantic. Commun Earth Environ 5, 555 (2024)