Estudo revela que o padrão das chuvas contribui para a diversidade animal
Há anos que ecologistas vêm tentando entender porque existe uma abundância de espécies animais em alguns locais e escassez em outros. Agora, um estudo recente identificou os fatores responsáveis por isso.
Sabemos que a diversidade animal do nosso planeta é grande! É só nos lembrarmos dos conhecidos grupos de animais que estudamos na escola: os vertebrados, que incluem os peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos; e os invertebrados: insetos, aracnídeos, moluscos e cnidários. Mas não é só isso. Também há inúmeras variações de cores, formas e estruturas mesmo dentro de cada um desses grupos.
E há anos os ecologistas vêm tentando compreender porque existe uma abundância de espécies em alguns lugares da Terra e escassez em outros; que fatores impulsionam a diversidade animal? Agora, um estudo recente ajudou a responder esta questão.
Fatores que definem a diversidade animal
O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade do Estado de Utah, nos Estados Unidos, e publicado recentemente na revista Ecology Letters. Os autores identificaram dois fatores cruciais para a diversidade de mamíferos na Terra.
Alguns locais têm uma abundância inesperada de predadores carnívoros, por exemplo, como partes da África, Europa e Groenlândia. Herbívoros são comuns em áreas mais frias, e onívoros tendem a ser predominantes em locais quentes. Sendo assim, dois fatores aparecem como cruciais na formação destes padrões de diversidade: a precipitação e o crescimento das plantas.
Os padrões globais de precipitação desempenham um papel muito significativo na determinação de onde os diferentes grupos de mamíferos prosperam. As regiões onde a precipitação varia conforme a estação do ano, sem ser extrema, apresentaram os níveis mais altos de diversidade de mamíferos.
Jaron Adkins, autor principal do estudo, destaca que não é a quantidade total de chuva que importa, mas sim a sua sazonalidade, isto é, a variabilidade ao longo do ano. Locais como Madagascar, onde os padrões de precipitação têm o mesmo período para a estação chuvosa e a estação seca (seis meses cada uma), possuem o cocktail ecológico ideal para gerar condições para predadores e herbívoros. A diversidade onívora tende a prosperar em locais com climas muito estáveis.
Além da precipitação, o segundo fator que o estudo identificou é uma medida da quantidade de crescimento das plantas numa área, conhecida como “produtividade primária bruta” (PPB). Mas esse fator impactou mais os carnívoros. A forte relação entre os predadores e o crescimento de plantas ressalta como é importante a grande diversidade de plantas para a integridade estrutural de toda a cadeia alimentar. “Foi surpreendente que esse fator fosse mais importante para os predadores do que para os onívoros e herbívoros. E por que isso acontece permanece um mistério”, disse Trisha Atwood, coautora do estudo.
O estudo destaca ainda que, em última análise, os processos evolutivos são responsáveis por diferenças entre as espécies; já o clima é responsável por impactar as taxas de mudança evolutiva, a extinção e a dispersão animal – influenciando as espécies e a riqueza de características.
Mas, a diversidade está diminuindo…
Segundo os autores, a diversidade animal está diminuindo de forma rápida em muitos ecossistemas devido à perda de habitat e às mudanças climáticas. Então, prever como as mudanças climáticas irão impactar os sistemas animais no futuro é extremamente importante, e esta pesquisa é o primeiro passo para uma melhor gestão do futuro dos animais em todo o planeta.
“A diversidade animal pode funcionar como um sistema de alarme para a estabilidade dos ecossistemas. Identificar os mecanismos ecológicos que ajudam a impulsionar os padrões de riqueza fornece informações para uma melhor gestão e previsão de como a diversidade poderá mudar em climas futuros”, disse Atwood.