Eunice Foote: a cientista pioneira no estudo das mudanças climáticas
Neste Dia Internacional da Mulher, vamos apresentar a história de uma importante mulher na história da meteorologia, a cientista Eunice Foote! Seus experimentos prenunciaram a descoberta do efeito estufa da Terra e do aquecimento global!
O dia 8 de março é o Dia Internacional da Mulher, data criada para celebrarmos todas as conquistas alcançadas pelas mulheres em anos de luta por direitos iguais e também para conscientizar a população sobre lutas que ainda continuam. Lutas contra o sexismo, a favor da igualdade de gênero em todos os setores da sociedade e contra a violência de gênero!
No meio científico, as mulheres têm feito contribuições e descobertas de grande importância. Muitas dessas descobertas foram a base para grandes avanços científicos e tecnológicos da humanidade. Infelizmente grande parte dessas mulheres não tiveram seu trabalho reconhecido devido ao sexismo que sempre existiu no meio científico e que era ainda pior na virada do século XIX para o século XX. Uma dessas cientistas cujo trabalhos foram negligenciados por muitos anos, foi a cientista norte-americana Eunice Foote.
Nascida em 17 de julho de 1819, Eunice Newton Foote foi uma cientista amadora norte-americana e ativista dos direitos das mulheres, participando inclusive dos movimentos sufragistas nos Estados Unidos. Na década de 1850 Foote realizou experimentos com gases atmosféricos que criaram a base de todo o conhecimento que temos formado hoje sobre o efeito estufa e o aquecimento global!
Um simples experimento, uma grande descoberta!
Usando dois cilindros de vidro, cada um contendo um termômetro de mercúrio, Foote conduziu os primeiros experimentos que exploraram o comportamento de diferentes gases atmosféricos sob o calor dos raios do sol. Com uma bomba de vácuo, Foote isolou alguns dos principais gases que compõem a atmosfera nesses cilindros e os expôs aos raios solares.
Em um dos experimentos, ela isolou dióxido de carbono - o chamado gás carbônico (CO2) - em um cilindro, colocou ar no outro e colocou-os ao sol. Ao verificar que a temperatura estava mais alta no cilindro de dióxido de carbono, Foote descobriu que o dióxido de carbono retém grande parte do calor na atmosfera!
“O receptor contendo o gás tornou-se muito aquecido – sensivelmente mais do que o outro – e, ao ser removido, demorou muito mais para resfriar”, disse ela em seu artigo “Circunstâncias que afetam o calor dos raios do Sol” publicado no American Journal of Science and Arts em novembro de 1856.
Essa descoberta levou Foote a concluir em seu artigo que “uma atmosfera desse gás daria à nossa terra uma temperatura alta; e se, como alguns supõem, em um período de sua história o ar se misturou com ele em uma proporção maior do que no presente, um aumento de temperatura por sua própria ação, bem como pelo aumento do peso, deve necessariamente ter sido resultado”. Este foi o primeiro reconhecimento científico de que o CO2 tinha o poder de alterar a temperatura da Terra!
O reconhecimento tardio
Por ser mulher, Eunice Foote não pôde apresentar seu artigo na reunião de 1856 da Associação Americana para o Avanço da Ciência, realizada em Albany, Nova York. Em seu lugar, o professor Joseph Henry apresentou o trabalho de Foote anunciando que a ciência “não era de país e nem de sexo. A esfera da mulher abrange não apenas o belo e o útil, mas o verdadeiro”. De qualquer forma, suas descobertas foram recebidas com indiferença na época.
Três anos depois, John Tyndall, por meio de experimentos mais avançados, também mostrou que alguns gases da atmosfera, como oxigênio, vapor de água e dióxido de carbono, tinham a capacidade de absorver calor. Sem citar o trabalho pioneiro de Foote, Tydall foi considerado um dos fundadores da ciência das mudanças climáticas, enquanto Foote foi esquecida até o início do século XXI, quando seu trabalho foi redescoberto e finalmente reconhecido.