Extrato de própolis de abelhas mostra ação antiviral contra zika, chikungunya e mayaro
Estudo do Instituto Butantan mostrou que o extrato de própolis purificado tem uma ação antiviral significativa contra os vírus zika, chikungunya e mayaro. Veja mais detalhes aqui.
O extrato de própolis é um produto natural, obtido a partir da própolis produzida pelas abelhas, e que pode trazer diversos benefícios para a saúde, devido às suas propriedades antimicrobianas, antioxidantes e anti-inflamatórias. Inclusive, estudos anteriores já identificaram os benefícios deste composto, por exemplo, um que mostrou que ele tem uma intensa atividade contra os vírus de herpes, influenza e rubéola.
Agora, pesquisadores do Instituto Butantan, em São Paulo, comprovaram em um estudo publicado na revista Scientific Report que o extrato de própolis também é capaz de combater a replicação dos vírus zika, chikungunya e mayaro.
Arboviroses
Esses três patógenos são vírus transmitidos pela picada de mosquitos que circulam no Brasil e causam doenças infecciosas (arboviroses). Os principais vetores dessas arboviroses são os mosquitos, em particular, os dos gêneros Aedes, Culex e Anopheles. Até o momento, não existe uma vacina antiviral para tratamento dessas infecções.
O agente etiológico do chikungunya é transmitido pela picada de fêmeas infectadas do gênero Aedes. As principais características clínicas da infecção são edema e dor articular incapacitante.
A infecção pelo vírus Zika pode ser assintomática ou sintomática, neste último caso podendo apresentar desde manifestações brandas e autolimitadas até complicações neurológicas e malformações congênitas. Todos os sexos e faixas etárias são igualmente suscetíveis, porém mulheres grávidas e pessoas acima de 60 anos têm maiores riscos de desenvolver complicações da doença.
O vírus Mayaro é um arbovírus transmitido por mosquitos silvestres, principalmente o Haemagogus janthinomys, o mesmo vetor da febre amarela, podendo causar a febre de Mayaro. Pode ser confundido com dengue, chikungunya e febre amarela, pois os sintomas são semelhantes. Ele é considerado endêmico da região amazônica, em áreas de mata e rurais.
Extrato de própolis atua contra arboviroses
Para o estudo, os pesquisadores utilizaram a própolis produzida por abelhas nativas sem ferrão Scaptotrigona aff postica, de uma colônia na região de Barra do Corda, no Maranhão. A própolis foi obtida por meio da raspagem da caixa de meliponicultura, formando uma espécie de pasta. Esse material foi transportado e congelado a -20°C, formando uma pedra de própolis congelada.
Essa pedra foi trabalhada até se transformar em um composto bem fino, se tornando pó. Aí, os pesquisadores acrescentaram água ultrapurificada ao pó e a substância foi centrifugada para separar a cera do líquido. O sobrenadante (a fase líquida que fica por cima) foi filtrado, resultando no produto final (extrato de própolis) que foi considerado 100% purificado.
Então, os pesquisadores infectaram células VERO (linhagem originária de rim de macaco, muito usada nesse tipo de estudo) com os vírus para determinar a ação antiviral do extrato. Foi feita uma diluição seriada, ou seja, foram diminuindo a quantidade do extrato para ver qual quantidade impediria os vírus de se multiplicarem. Com isso, o crescimento e a morfologia dessas células foram monitorados.
Foi observado que o extrato de própolis promoveu uma redução de 16 vezes na carga viral do zika e de 32 vezes na carga do vírus mayaro. No caso do chikungunya, a redução foi ainda mais significativa, de 512 vezes.
Mas um detalhe: é importante destacar que a própolis do estudo é diferente da comercial encontrada em farmácias. O produto vendido ao consumidor é um extrato alcoólico que mistura todos os componentes da própolis e, na maioria das vezes, costuma vir da espécie Apis mellifera (abelha europeia).
Referências da notícia
Antiviral action of aqueous extracts of propolis from Scaptotrigona aff. postica (Hymenoptera; Apidae) against Zica, Chikungunya, and Mayaro virus. 03 de julho, 2024. Mendonça, R. Z. et al.
“Extrato de própolis mostra ação antiviral contra zika, chikungunya e mayaro”. 04 de novembro, 2024. Agência Fapesp.