Famoso Great Salt Lake é uma fonte massiva de emissão de gases de efeito estufa, alertam os cientistas

O famoso lago salgado em Utah, EUA, não está apenas secando; ele está liberando significativamente gases de efeito estufa na atmosfera, aquecendo o planeta, alertam cientistas em um novo estudo.

Great Salt Lake
Great Salt Lake (o ‘Grande Lago Salgado’), localizado em Utah, Estados Unidos. Crédito: Adam Small/KSL NewsRadio.

O famoso Great Salt Lake é um lago salgado localizado no norte do estado americano de Utah, cuja característica principal é uma salinidade elevada, maior que a dos oceanos, e tem uma área de cerca de 4400 km².

E um estudo recente publicado na revista One Earth sugere que ele é uma fonte substancial de gases de efeito estufa (GEEs), contribuindo para o aquecimento do planeta.

Great Salt Lake como fonte de emissão de GEEs

O lago vem passando por uma diminuição gradual na sua extensão nos últimos anos, isto é, está secando, devido ao uso excessivo de sua água à medida que a população aumenta e às secas que atingem a região.

"A dessecação do Great Salt Lake causada pelo homem está expondo enormes áreas do leito do lago e liberando enormes quantidades de gases de efeito estufa na atmosfera", disse o Soren Brothers, coautor do estudo, em um comunicado.

O uso desenfreado de água fará o lago Great Salt Lake secar completamente até 2027. E desde 2020, a bacia perdeu mais de 1,2 bilhão de litros de água por ano, segundo estudo da Universidade Brigham Young.

Os pesquisadores descobriram que o leito seco do lago emite grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera, além de metano, em comparação com a quantidade liberada pela água do leito quando este está cheio.

De acordo com o estudo, 4,1 milhões de toneladas de GEEs foram emitidos pelo leito seco do Great Salt Lake somente em 2020, das quais 94% eram de CO2. No geral, os autores descobriram que a secagem do lago provocou um aumento de 7% nas emissões de GEEs causadas pelo homem em todo o estado de Utah.

Great Salt Lake
Great Salt Lake seco, no estado americano de Utah. Crédito: Soren Brothers.

"O que nosso estudo mostra é que as emissões de dióxido de carbono das águas do Great Salt Lake são provavelmente muito baixas, enquanto as emissões do leito seco do lago são muito altas, especialmente nos meses de verão", explicou Brothers.

Fator contribuinte para as emissões de GEEs do lago

Os pesquisadores também observaram que as emissões de GEEs estavam fortemente relacionadas com o aumento das temperaturas do ar na região. E se as temperaturas continuarem subindo em um mundo de aquecimento, isso causará um ciclo de feedback positivo com cada vez mais CO2 e outros gases sendo liberados na atmosfera.

Os pesquisadores descobriram que a secagem do Great Salt Lake causou um aumento de 7% nas emissões de GEEs causadas pelo homem em todo o estado americano de Utah em 2020.

E o estudo finaliza mostrando que o lago nos seus primórdios provavelmente não era uma fonte de GEEs, mas agora o seu leito seco se tornou um novo impulsionador do aquecimento atmosférico.

"A melhor e talvez única maneira de evitar que esse dióxido de carbono seja liberado é garantir que o Great Salt Lake permaneça úmido. No oeste dos Estados Unidos há várias soluções propostas para esse objetivo, incluindo mercados de água, mas as leis ocidentais desatualizadas sobre a água são parte do problema", disse Brothers.

Referência da notícia:

Cobo, M.; Goldhammer, T.; Brothers, S. A desiccating saline lake bed is a significant source of anthropogenic greenhouse gas emissions. One Earth, 2024.