Farinha de banana: uma nova solução para celíacos que também contribui para o cuidado ambiental
A farinha de banana plátano traz muitos benefícios à saúde, é indicada para celíacos e como toque final contribui para a proteção do meio ambiente, pois reduz o problema dos resíduos orgânicos.
A farinha de banana plátano é rica em amido resistente sem glúten, tipo de carboidrato que possui propriedades que atuam no organismo e são semelhantes às fibras. Proporciona muitos benefícios à saúde, como controla os níveis de colesterol, melhora o humor, acelera o metabolismo e regula os níveis de açúcar no sangue. Por conter compostos fenólicos e outros bioativos, é ideal para: prevenção de doenças degenerativas, também aumenta a sensação de saciedade, melhora o funcionamento do intestino, combate o câncer intestinal, melhora a prisão de ventre, previne cãibras musculares e doenças cardíacas, entre outros.
A utilização desta farinha, além de ser especialmente recomendada pelos seus grandes benefícios à saúde, também contribui para o cuidado ambiental, pois reduz a quantidade de desperdícios das frutas.
A banana plátano é de origem asiática e é cultivada nas regiões tropicais e subtropicais das Américas. É um produto muito mais equilibrado que a massa de trigo tradicional, pois possui menos gordura, até 98% menos que a massa tradicional. Esta grande redução de gordura é particularmente importante para pacientes com doença celíaca, porque muitos produtos sem glúten compensam a eliminação do glúten com elevados níveis de gordura.
Não é desperdício, é comida!
Em muitos países do mundo, uma enorme quantidade de bananas é descartada diariamente em armazéns de embalagens, por não atenderem aos requisitos das normas de comercialização, que se baseiam principalmente nas características externas.
Por exemplo, nas Ilhas Canárias 15% da colheita é descartada por este motivo estético extremo e isso se soma a isso que em certas épocas do ano são retiradas para evitar quedas no preço de mercado.
A farinha de banana plátano é uma alternativa interessante para aproveitar frutas não comercializáveis e consideradas resíduos. Da mesma forma, as cascas não utilizadas no processo de produção de farinha poderiam ser adequadas para ensilagem e incorporação em dietas balanceadas de caprinos.
Pesquisas sobre obtenção e utilização de farinha de banana
A equipe de Nutrição e Bromatologia da Universidade de La Laguna, em colaboração com o Instituto de Pesquisa Agrícola das Canárias (ICIA), investigou a valorização dos bio-resíduos produzidos nas fábricas de embalagem de banana, transformando-os em farinha.
O recente trabalho mostra a otimização do processo artesanal de obtenção de farinha a partir da polpa de bananas verdes Cavendish, provenientes de quatro cooperativas localizadas na ilha de Tenerife.
Cerca de 45 quilos de bananas plátanos de cada cooperativa foram descascadas manualmente com faca e suas polpas cortadas transversalmente e imersas em água corrente, em temperatura ambiente por 30 minutos. Elas foram então retiradas da água, secas ao ar por vários minutos em papel, colocadas em bandejas perfuradas e secas a 55-60°C durante a noite em forno de convecção de ar.
Por fim, as rodelas secas foram moídas em moedor elétrico. Aproximadamente 7 quilos de farinha foram acondicionados em sacos de polietileno e armazenados em temperatura ambiente.
Quanto ao armazenamento do produto, este foi feito em temperatura ambiente sem luz por dez meses, e observou-se que houve ligeiro aumento da umidade e da acidez, e diminuição do teor de amido, compostos fenólicos e pH.
Os provadores das características sensoriais dos produtos elaborados com esta farinha afirmaram que estes ainda apresentavam qualidade aceitável após dez meses, um sucesso total.
Como o metabolismo das bananas continua após a colheita, eles estudaram a que temperatura de refrigeração (6 e 12°C) elas deveriam ser armazenadas antes de fazer a farinha. Eles concluíram que poderiam ser armazenadas a 6°C durante 7 semanas. No entanto, quando a temperatura subiu para 12°C, farinhas de qualidade aceitável só puderam ser obtidas nas primeiras quatro semanas de armazenamento.
Concluindo, estes cientistas propõem uma abordagem circular para aproveitar os resíduos orgânicos produzidos em abundância no cultivo da banana e convertê-los em ingredientes alimentares de alto valor nutricional.
O desafio dos alimentos “perdidos”
Um relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estimou que entre 1,3 e 1,6 bilhões de toneladas de alimentos da produção total anual acabaram por sair da cadeia de abastecimento sem serem consumidos. Além disso, o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) estima que, só no setor primário, o número pode atingir 1,2 bilhões de toneladas de alimentos “perdidos” por ano.
Infelizmente, isto contribui para a insegurança alimentar e também prejudica o ambiente, gerando emissões de gases de efeito estufa, desperdício de recursos hídricos e degradação de alguns ecossistemas e da sua biodiversidade.
Para resolver este problema, um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU visa reduzir o desperdício alimentar para a metade em toda a cadeia de produção e abastecimento.
Referências da notícia:
Lorenzo, M. M. et al. Physicochemical and Nutritional Characterization of Green Banana Flour from Discarded Cavendish Bananas. Sustainability, v. 16, n. 15, 2024.
The Conversation. "Harina de plátano, buenas noticias para celiacos". 2024.
ONU. "Objetivo 12: Garantizar modalidades de consumo y producción sostenibles". 2024.
The Conversation. " El reto de los alimentos perdidos antes de llegar a su destino". 2024.