Formações rochosas em Puna de Atacama forneceriam uma janela para o início da vida na Terra

Fósseis de estromatólitos da Puna de Atacama, na Argentina, estão fornecendo aos cientistas um material inestimável para o estudo da vida primitiva na Terra. Saiba mais aqui.

estromatólitos
Uma imagem de estromatólitos fossilizados de 650 milhões de anos atrás, durante o período Vendiano (Pré-cambriano), na Bolívia. Crédito: Xenomanes.

Estromatólitos são formações sedimentares formadas por microrganismos fotossintéticos, os quais convertem a energia luminosa do Sol em energia química utilizada nos processos celulares. Uma equipe de pesquisadores que estuda estromatólitos modernos em Puna de Atacama, na Argentina, acredita que eles podem oferecer um vislumbre tentador das origens da vida primitiva na Terra.

Formação de estromatólitos

Durante a fotossíntese, as cianobactérias e outros microrganismos – como as bactérias redutoras de sulfato – processam conjuntamente luz, compostos gasosos e matéria orgânica. A culminação dos processos bioquímicos resulta na geração de enxofre e oxigênio.

Esses elementos se acumulam e resultam em gradientes oscilantes. Esses gradientes fazem com que diferentes grupos funcionais de microrganismos se estratifiquem em camadas oumantas microbianas”.

Tal como os estromatólitos modernos, os estromatólitos de 3,45 mil milhões de anos atrás (durante a era pré-cambriana, quando se pensava que havia começado a vida na Terra) também apresentam uma estrutura laminada.

Alguns dos primeiros fósseis microscópicos

O astrobiólogo Dr. Brian Hynek trabalhou ao lado de outros pesquisadores em Puna de Atacama, examinando alguns dos primeiros fósseis microscópicos nos grandes montes rochosos de lá.

Hynek e seus colegas acreditam que as bactérias que ainda vivem em lugares como Puna de Atacama estão usando os mesmos processos e reações biológicas de bilhões de anos atrás. Ao estudar estromatólitos modernos, como os de Puna de Atacama, os cientistas poderiam aprender mais sobre a gênese e o funcionamento da vida primitiva na Terra.

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Na sua recente publicação na revista AGU (American Geophysical Union), o resumo menciona: “Estruturas de estromatólitos no registro rochoso de pelo menos 3,5 mil milhões de anos atrás representam a mais antiga evidência fóssil de vida na Terra; portanto, os exemplos modernos têm recebido grande atenção".

Não restam muitos lugares com estromatólitos que se pareçam com os da Terra antiga. Hynek propõe a ideia de que os estromatólitos podem ter se desenvolvido em Marte e incentiva a exploração do planeta vermelho.

Hynek disse à CU Boulder Today: “Compreender essas comunidades modernas na Terra poderia nos informar sobre o que devemos procurar ao buscarmos características semelhantes nas rochas marcianas”.

Ele aponta para a presença de sais semelhantes em lagos secos de Marte, que coincidem com os identificados na Argentina. A equipe teve um tempo limitado durante a primeira visita, então planejam retornar para coletar mais amostras e entender as condições que favorecem o crescimento microbiano.

Referência da notícia:
Hynek, B.; Farías, M. P13C-2812 Archaean Stromatolites on Modern Earth with Implications for Mars. AGU Meeting, 2023.