Foto inédita de cientistas brasileiros mostra como os para-raios funcionam

Cientistas brasileiros do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais conseguiram um feito inédito: uma imagem que mostra instantes antes de um raio tentar se conectar com para-raios e as saliências de prédios na região de São José dos Campos.

Para-raios
A imagem inédita, feita por pesquisadores brasileiros, que mostra o momento em que um raio tenta se conectar com os pára-raios de prédios, foi capa da revista científica Geophysical Research Letters. Foto: Diego Rhamon - INPE/ Agência FAPESP.

Equipados com uma câmera de vídeo ultrarrápida, os cientistas brasileiros Marcelo Saba e Diego Rhamon, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), conseguiram um registro inédito da descarga de um raio em diversos prédios da cidade de São José dos Campos, São Paulo, durante uma tempestade na noite de 30 de março de 2021! Os resultados dessa pesquisa e a imagem inédita foram publicados na revista científica Geophysical Research Letters.

A câmera instalada para o estudo capturou 40 mil imagens por segundo e com essas imagens os pesquisadores produziram um vídeo em superslow motion, onde puderam mostrar o funcionamento dos para-raios da região, seus respectivos alcances e a resposta deles e de outras estruturas a uma descarga elétrica descendente.

A imagem capturada pelos pesquisadores brasileiros durante uma tempestade mostra como os para-raios funcionam antes da descarga de um raio sobre os edifícios!

Diante de tantas imagens capturadas, a de maior destaque foi capturada a apenas 25 milionésimos de segundos antes do impacto do raio nos prédios. De acordo com o pesquisador Marcelo Saba, em entrevista à Agência FAPESP, instituição financiadora do estudo, a imagem mostra o momento que um raio descendente de carga negativa, com uma velocidade de 370 quilômetros por segundo, está a apenas algumas dezenas de metros do solo e vários para-raios e saliências de edifícios da região produzem descargas de cargas positivas ascendentes, competindo para se conectar com o raio que descia.

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O interessante é que essa imagem revelou que nenhum dos 30 para-raios instalados nas proximidades conseguiram se conectar com o raio, que acabou se conectando com uma chaminé na cobertura de um prédio, causando um grande estrago em sua estrutura. “Uma falha na instalação (dos pára-raios) deixou essa área desprotegida. E o impacto de uma corrente de 30 mil amperes produziu nela (na chaminé) um estrago impressionante”, disse Saba.

De acordo com o pesquisador, os para-raios não atraem e nem repelem os raios, e nem “descarrega” as nuvens. Eles simplesmente oferecem um caminho mais fácil para o raio e também mais seguro, evitando que o raio caia nas estruturas. Quando instalado de forma incorreta, o para-raio não consegue cumprir seu papel e as estruturas ao seu redor continuam expostas ao perigo de serem atingidas por raios.

Raios, relâmpagos e trovões: qual a diferença?

Certamente você já deve ter se questionado ou se confundido com os significados de raios, relâmpagos e trovões, então, vamos entender de forma simples a diferença de cada um deles! Os relâmpagos são todas as descargas elétricas geradas pelas nuvens de tempestades, as famosas Cumulonimbus (Cbs), que podem se conectar ou não ao solo, às vezes ocorrendo dentro da própria nuvem - aqueles clarões rápidos que vemos dentro das Cbs. Quando essas descargas se conectam ao solo, temos um raio!

Em geral, 80% dessas descargas elétricas ocorrem dentro das nuvens e 20% ocorrem entre as nuvens e o solo, que são os raios. Os raios também podem ocorrer de duas formas, ou eles partem da nuvem e vão em direção ao solo, o que chamamos de raios descendentes, ou de algum ponto da superfície para a nuvem, os chamados raios ascendentes. A grande maioria dos raios são descendentes, os ascendentes são raros.

E o trovão? Nada mais é que o som produzido por essas poderosas descargas elétricas, já que quando elas ocorrem, além de liberar o clarão que enxergamos, elas provocam um rápido aquecimento e expansão do ar onde ocorre, produzindo um estrondo forte.