Geoengenharia solar para controlar as mudanças climáticas: cientistas alertam para riscos ainda piores!
Uma comissão internacional está considerando utilizar geoengenharia solar para controlar o aquecimento global, mas muitos cientistas acreditam que a tecnologia é perigosa e tira o foco do problema real.
Em 2015, em Paris, os países do mundo inteiro concordaram em limitar o aquecimento global a patamares inferiores a 2°C, se esforçando para mantê-lo em 1,5°C. Mas o fato é que as temperaturas já estão se aproximando do limite inferior. Mesmo os cenários mais otimistas indicam que as metas provavelmente serão excedidas.
Com essas previsões tão pessimistas em mãos, foi criada a Climate Overshoot Commision - um grupo de alto nível que pretende analisar todas as estratégias possíveis de controlar este cenário, independente de restrições políticas.
Os membros incluem ex-chefes de governo e ministros nacionais, diretores de organizações intergovernamentais, líderes de grupos ambientais e especialistas acadêmicos. E à medida que os esforços globais para reduzir as emissões ficam muito abaixo do esperado, o grupo está começando a avaliar estratégias alternativas.
Uma delas é a geoengenharia solar - cuja ideia é bloquear a radiação solar que entraria na terra bombeando aerossóis para a alta atmosfera. A tecnologia também é conhecida como gerenciamento de radiação solar, mas é bastante controversa.
O problema da geoengenharia solar
A primeira grande questão da geoengenharia solar é que ela não protegerá o planeta do aumento dos gases do efeito estufa, apenas compensará temporariamente esse problema de outra maneira. É quase como um curativo temporário que não vai de fato curar o ferimento.
Por isso, muitos pesquisadores têm argumentado que discutir esse tipo de método acaba sendo uma distração. Além disso, ela oferece aos grandes poluidores mundiais uma opção para que não precisem tomar ações para controlar suas emissões.
De acordo com Pascal Lamy, presidente da comissão, a geoengenharia solar é de fato uma opção controversa, mas que dada a seriedade da situação climática do planeta, até mesmo soluções polêmicas devem ser encaradas e discutidas com seriedade.
De acordo com Anote Tong, membro da comissão, descartar qualquer estratégia, como a geoengenharia solar, não é uma opção. Tong é ex-presidente das ilhas submersas de Kiribati, o primeiro país do mundo a ser evacuado devido às mudanças climáticas.
Margot Wallström, ex-ministra das Relações Exteriores da Suécia, discorda e acredita que a geoengenharia solar é a prioridade errada, já que os pesquisadores sabem exatamente o que precisa ser feito para lidar com as mudanças climáticas - Ou seja, Wallström acredita que a comissão deveria se concentrar na redução de emissões.
Youba Sokona, vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, apresenta uma visão similar, e se recusou a se juntar ao grupo argumentando que era muito prematuro discutir a geoengenharia solar. Sokona acredita que isso desviaria atenção e recursos do problema real.
No momento, pelo menos 440 cientistas assinaram uma carta aberta defendendo um acordo internacional de não uso da geoengenharia solar. De acordo com Frank Bierman, pesquisador que liderou a iniciativa, não vai adiantar procurar opções que não resolvam o problema principal. A geoengenharia solar é apenas uma falsa solução que tornaria a crise climática ainda pior.