Grande Barreira de Corais foi gravemente atingida pelas mudanças climáticas em 2024. Consequências são catastróficas
A Grande Barreira de Corais, essencial para a biodiversidade marinha e proteção costeira, foi gravemente atingida pelas mudanças climáticas em 2024. Um branqueamento em massa e morte extensiva dos corais podem ter impactos catastróficos no oceano.

Os recifes de corais são ecossistemas marinhos fundamentais, lares de uma grandiosa biodiversidade marinha (cerca de 25% do total de espécies do oceano) servindo como refúgio, área de alimentação e reprodução para peixes, moluscos, crustáceos e outras formas de vida.
Seu papel é ainda crucial para a proteção costeira. Os recifes de corais atuam como barreiras naturais, reduzindo a força das ondas e prevenindo a erosão de costas e danos causados por tempestades às regiões mais próximas do litoral.

Por serem extremamente sensíveis a mudanças ambientais, os recifes de corais também funcionam como indicadores da saúde dos oceanos, destacando a necessidade de preservá-los frente às ameaças como aquecimento global, poluição e pesca predatória. E infelizmente, neste quesito, cientistas descobriram que o pior cenário possível está acontecendo.
A Grande Barreira de Corais está em estado alarmante
Acontece que uma equipe de cientistas marinhos da Universidade de Sydney publicou o primeiro estudo revisado por pares sobre os devastadores eventos de branqueamento de corais do início de 2024, que atingiram o sul da Grande Barreira de Corais.
Mesmo se tratando de uma importante área protegida, a região não foi poupada do estresse extremo causado pelo calor, que desencadeou esse evento de branqueamento catastrófico.

A equipe monitorou a saúde de 462 colônias de corais na estação de pesquisa da Universidade de Sydney ao longo de 161 dias. Os resultados mostraram que, até fevereiro de 2024, 66% das colônias estavam branqueadas, um número que subiu para 80% em abril. Até julho, 44% das colônias branqueadas haviam morrido, com algumas espécies, como Acropora, registrando uma taxa de mortalidade de impressionantes 95%.
O estudo também destaca a interação complexa entre o estresse térmico e o surgimento de doenças nos corais. Corais da espécie Goniopora, por exemplo, desenvolveram a chamada doença da faixa preta, contribuindo para os altos índices de mortalidade observados.

A pesquisa alerta que o rápido surgimento de branqueamento e doenças em corais anteriormente considerados resilientes dificulta previsões sobre a comportamento futuro dos ecossistemas marinhos.
Isso significa que um recife que, até então, tinha escapado de eventos de branqueamento em massa, agora está finalmente sendo atingido pelas mudanças climáticas. A devastação é clara. As altíssimas taxas de mortalidade e doenças, especialmente em uma área remota e intocada, evidenciam a gravidade da situação.

As implicações disso vão além da ecologia e da conservação. Os recifes de corais fornecem serviços essenciais às comunidades humanas, como pesca, turismo e proteção costeira. Diante das ameaças crescentes das mudanças climáticas, o estudo apela por uma abordagem colaborativa que envolva cientistas, comunidades locais e formuladores de políticas públicas em prol de resolver a situação.
Referência da notícia
Catastrophic bleaching in protected reefs of the Southern Great Barrier Reef. Limnology and Oceanography Letters, 2025. Maria Byrne, Alexander Waller, Matthew Clements, Aisling S. Kelly, Michael J. Kingsford, Bailu Liu, Claire E. Reymond, Ana Vila‐Concejo, Monique Webb, Kate Whitton, Shawna A. Foo.