IMC não seria mais eficaz: cientistas criam nova forma de diagnosticar obesidade
A proposta dos pesquisadores recomenda uma abordagem diferenciada, em que novos parâmetros são utilizados para diagnosticar a obesidade. Veja aqui como seria o novo índice.
O índice de massa corporal (IMC) é uma medida internacional usada para calcular se uma pessoa está no seu peso ideal. Ele é calculado dividindo-se o peso (em kg) de uma pessoa por sua altura ao quadrado (em metros).
Desenvolvido por Lambert Adolphe Jacques Quételet no fim do século 19, o índice é considerado um método fácil e rápido para a avaliação do nível de gordura, sendo um preditor internacional de obesidade adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Contudo, uma comissão internacional de cientistas defende agora uma nova forma de diagnosticar a obesidade, com base na gordura corporal, e propõe ainda duas categorias de classificação: obesidade clínica e obesidade pré-clínica.
A nova proposta foi publicada na revista The Lancet Diabetes & Endocrinology na última terça-feira (14), sendo apoiada por 75 organizações médicas ao redor do mundo. Veja mais informações abaixo.
A nova abordagem para calcular a obesidade
Os pesquisadores propõem uma nova medida que utilize, além do IMC, medidas de gordura corporal e sinais e sintomas objetivos de problemas de saúde. Segundo eles, essa definição de obesidade seria universal e clinicamente relevante, um método mais preciso para o diagnóstico da condição.
O objetivo do trabalho é abordar as limitações da definição do IMC e do diagnóstico tradicional da obesidade, que dificultam a prática clínica e as políticas de saúde, resultando em pessoas com obesidade não recebendo o tratamento adequado e necessário.
Os cientistas destacam que o IMC não é uma medida direta de gordura, não reflete sua distribuição ao redor do corpo e não fornece informações sobre saúde e doença no nível individual.
Por isso, eles recomendam que o novo diagnóstico para obesidade não seja baseado apenas no IMC, mas em vez disso, que leve em consideração um dos seguintes métodos (em adição ao IMC):
- Pelo menos uma medição do tamanho corporal (circunferência da cintura, relação cintura-quadril ou relação cintura-altura) em complemento ao IMC;
- Pelo menos duas medições do tamanho corporal (circunferência da cintura, relação cintura-quadril ou relação cintura-altura), independentemente do IMC;
- Medição direta da gordura corporal (como por meio de densitometria óssea ou DEXA), independentemente do IMC;
- Em pessoas com IMC muito alto (>40 kg/m²), pode-se presumir pragmaticamente a presença de excesso de gordura corporal;
Ricardo Cohen, coautor da pesquisa, comentou em um comunicado que o IMC não é suficiente para diagnosticar a obesidade. “O IMC, simplesmente, fala se o indivíduo é grande ou não, a partir do cálculo do peso pela altura ao quadrado e mais nada. Ele não define onde está a gordura depositada, não nos diz a medida direta da quantidade de gordura que esse indivíduo tem e, fundamentalmente, não determina se ele tem doença ou não”, explicou ele.
Categorias de obesidades: clínica e pré-clínica
A proposta dos pesquisadores também sugere duas novas categorias de obesidade: a clínica e a pré-clínica.
A clínica seria uma condição de obesidade associada a sintomas de redução na função dos órgãos ou a uma capacidade significativamente menor de realizar atividades diárias rotineiras. Já a obesidade pré-clínica seria uma condição com função normal dos órgãos, na qual as pessoas não apresentam doenças em andamento, mas têm um risco maior de desenvolver obesidade clínica e outras doenças crônicas não transmissíveis (como diabetes, por exemplo).
As pessoas com obesidade clínica devem ser consideradas como portadoras de uma doença crônica em andamento. E vale ressaltar que a obesidade pré-clínica não significa que a pessoa vai desenvolver obesidade no futuro, mas, sim, que ela possui um risco aumentado.
Essa distinção entre as duas formas de obesidade pode ajudar a estabelecer protocolos de tratamentos mais eficazes com os recursos atualmente disponíveis, melhorando a qualidade de vida das pessoas que convivem com isso.
Referências da notícia
Definition and diagnostic criteria of clinical obesity. 14 de janeiro, 2025. Rubino, F. et al.
Além do IMC: especialistas propõem nova forma de diagnosticar obesidade. 14 de janeiro, 2025. Gabriela Maraccini.
IMC não é eficaz? Cientistas criam nova forma de diagnosticar obesidade. 15 de janeiro, 2025. Fidel Forato.