Ártico e Antártica: NOAA relata que o gelo marinho registrou mínimos históricos em outubro
Os números falam por si e não são nada animadores. A formulação e o cumprimento rigoroso das políticas climáticas são urgentes para o bem-estar da humanidade e dos ecossistemas!
De acordo com a "Avaliação do Clima Global em outubro de 2023" publicada pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), o período entre janeiro e outubro desse ano foi o mais quente já registrado na Terra. Somado a isso, há uma probabilidade superior a 99% de que 2023 seja o ano mais quente no registro dos 174 anos da NOAA.
Pelo sétimo mês consecutivo, as temperaturas globais da superfície dos oceanos estabeleceram um recorde. Além disso, em outubro registaram-se 15 tempestades nomeadas em todo o mundo, um número superior à média de 12 registrada entre 1991 e 2020.
Nos polos da Terra, outubro estabeleceu um recorde para a menor extensão global de gelo marinho já registrada neste mês. Isto deveu-se principalmente ao fato de ter sido registrado na Antártica pelo sexto mês consecutivo a menor extensão de gelo marinho já registrada.
Gelo marinho no Ártico e Antártica durante outubro
Considerando a avaliação da NOAA, a extensão do gelo marinho do Ártico de outubro de 2023 foi classificada como a sétima menor no registro de satélite, com 6.371.370 km2, ou seja, 1.113.694 km2 abaixo da média de 1991-2020.
Por outro lado, a extensão do gelo marinho na Antártica durante outubro de 2023 foi a mais baixa já registrada, com 16.187.425 km2, valor equivalente a 2.020.190 km2 abaixo da média de 1991-2020. E em 8 dos primeiros 10 meses de 2023 a extensão do gelo marinho da Antártica atingiu níveis recordes.
De acordo com os dados da NOAA e com a análise do Rutgers Global Snow Lab, a extensão da cobertura de neve no Hemisfério Norte durante o mês passado foi 440.297 km2 abaixo da média de 1991-2020. Este número é classificado como uma extensão da camada de neve do Hemisfério Norte próximo da média para outubro. A extensão da cobertura de neve ficou ligeiramente abaixo da média na América do Norte, Europa e Ásia.
Situação extrema é esperada se o Ártico continuar aquecendo
Um estudo recente publicado na Earth System Dynamics indica que o Ártico está aquecendo a uma taxa quase 4 vezes superior à média global! No entanto, esta estatística tem relevância direta para os decisores políticos, porque não está enquadrada nos termos centrais da política climática: a mudança na temperatura média global.
Com um aquecimento global de 2°C, as temperaturas do Ártico deverão aumentar 4°C na média anual e 7°C no inverno, com impactos importantes para a população e os ecossistemas locais. Tais consequências são uma motivação para melhorar a representação do Ártico nos modelos de sistemas climáticos e para um monitoramento observacional preciso na região.
Estas conclusões têm, portanto, uma enorme influência na incerteza relacionada com os descumprimentos projetados das metas de temperatura global do Acordo de Paris.
Referência da notícia:
Duffey, A., Mallett, R., Irvine, P. J., Tsamados, M., and Stroeve, J.: ESD Ideas: Arctic amplification's contribution to breaches of the Paris Agreement, Earth Syst. Dynam., 14 (2023).