INMET aponta que a última década foi a mais quente do Brasil
Segundo levantamento feito pelo INMET, a última década, de 2011 a 2020, foi a mais quente do Brasil! Os três anos mais quentes da história, desde o início dos registros em 1961, ocorreram dentro dessa década: 2015, 2019 e 2016.
Após a Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgar um levantamento que mostra que o ano de 2021 foi um dos 7 anos mais quentes já registrados do mundo, o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) realizou uma análise específica das temperaturas no Brasil utilizando os dados de temperatura média do ar coletados pelas suas estações meteorológicas espalhadas pelo país!
Segundo o levantamento feito pelo INMET, as temperaturas no Brasil têm ficado acima da média histórica desde os anos 90! A última década, de 2011 a 2020, foi a mais quente de todas, com uma temperatura média 0.5°C acima da média histórica.
Entre os anos que compõem a década mais quente do Brasil, três anos ganham destaques por serem os mais quentes da história, desde o início dos registros em 1961, são eles: 2015, 2019 e 2016. Os anos de 2015 e 2019 registraram anomalias (desvio em relação à média climatológica) de temperaturas de 0.9°C, enquanto que o ano de 2016 registrou anomalia de 0.7°C.
O interessante é que esses anos possuem um fator em comum que colaborou com esse aumento das temperaturas médias sobre o Brasil: o famoso El Niño Oscilação Sul (ENOS). Os três anos mais quentes do Brasil estiveram sob influência da fase positiva do ENOS, o El Niño, que geralmente eleva as temperaturas globais.
Entretanto, não podemos atribuir a culpa de ocorrência de anos mais quentes somente ao El Niño. É inegável o fato de haver uma grande tendência de aumento das temperaturas ao longo dos anos, isso fica perceptível quando olhamos o gráfico feito pelo INMET com os desvios das temperaturas médias anuais do Brasil de 1961 a 2021.
Sob a linha formada pelos desvios medidos, nota-se uma reta ascendente indicando a grande tendência de aumento dos desvios, ou seja, a tendência de aquecimento das temperaturas. Ao longo dessa reta vemos as flutuações das temperaturas ao longo dos anos, com suas alternâncias de picos. Essa flutuação é regida pelos fenômenos naturais de variabilidade climática, como o ENOS, enquanto que a grande tendência de aquecimento está associada ao aquecimento global, causado pela grande emissão de gases de efeito estufa oriundo de atividades humanas, conforme já foi mostrado em diversos relatórios do IPCC.
Dois exemplos que provam que as anomalias positivas das temperaturas médias anuais na última década não foram regidas somente pela influência do El Niño são os casos dos dois últimos anos. No ranking brasileiro de anos mais quentes 2020 e 2021 ocupam a 6ª e 12ª posição, no ranking mundial eles estão entre os 7 primeiros, com 2020 empatado com os dois anos mais quentes já registrados (2016 e 2019).
Esses dois últimos anos foram marcados pela presença da fase negativa do ENOS, a La Niña, que geralmente tem o efeito de resfriar a temperatura global. Dessa forma, nota-se que a influência da grande tendência de aquecimento global sobre as anomalias de temperatura tem sido predominante nos últimos anos, deixando as variações naturais do clima em segundo plano.