Lanterna-de-fada: nova espécie de planta rara que não faz fotossíntese é descoberta
A nova espécie de lanterna-de-fada foi encontrada no Japão. Essas plantas não possuem folhas e não fazem fotossíntese. Alimentam-se de fungos no solo e têm uma aparência semelhante a vidro.
O nome 'lanterna-de-fada' vem de sua aparência: ela parece uma minúscula lanterna. Apesar de não ter folhas e não realizar fotossíntese, ela é uma planta; ela retira sua energia de outros organismos nos locais úmidos do solo onde vive. São encontradas em regiões tropicais, subtropicais e de clima temperado.
Da família Thismiaceae, e do gênero Thismia, essa planta rara é bem pequena, e vive sobre a matéria orgânica no solo, alimentando-se por meio da degradação de fungos que se alojam em suas raízes. Ficam escondidas sob folhas caídas, e apenas por um breve período produzem flores acima do solo que se assemelham a vidro.
Foi descoberta pela primeira vez em 1992 em Kobe, na província de Hyogo, no Japão, sendo chamada propriamente Thismia kobensis, até ser extinta por ter seu habitat destruído pela construção de um complexo industrial.
Existem no mundo mais de 90 espécies dessa planta, mas ainda assim, ela é rara. Agora, um artigo publicado recentemente na revista Journal of Plant Research revelou a descoberta de uma nova espécie e gênero desta planta no Japão.
Nova espécie encontrada no Japão
Através de observações morfológicas e filogenéticas, os pesquisadores concluíram que a planta encontrada é uma nova espécie, diferente da Thismia e, portanto, também difere no gênero. A espécie recebeu o nome de Relictithismia kimotsukiensis, que pode ser traduzido como “Relíquia de Kimotsuki” (cidade japonesa onde a descoberta foi feita).
Os pesquisadores acreditam que a planta, provavelmente, divergiu de toda a família Thismiaceae em uma fase inicial da sua evolução, e até mantém características comuns ao grupo, mas que foram perdidas no gênero Thismia.
Segundo o estudo, uma das características únicas dessa espécie é que seus estames (a parte masculina da planta) tocam o estigma (a parte feminina), facilitando assim a autopolinização. Esta adaptação é muito vantajosa para uma planta que vive sob folhas caídas em florestas escuras onde polinizadores são escassos. Ah, e um detalhe: ela é bem pequena, tem menos de 1 cm de comprimento.
“Esta descoberta pode sugerir que muitas outras novas espécies podem estar escondidas em regiões anteriormente consideradas bem estudadas, e destaca a necessidade de exploração e investigação contínuas da flora do planeta, tanto no estrangeiro como no país”, disse Suetsugu Kenji, botânico da Universidade de Kobe e autor principal do estudo.
A propagação dessa espécie recém-descoberta é limitada, o que a torna vulnerável às mudanças do ambiente. E este é um fator que motiva Kenji a aprofundar sua pesquisa: “Um segmento da nossa investigação futura será dedicado a estudos ecológicos que visam decifrar as interações entre a Relictithismia e os seus hospedeiros fúngicos, além de avaliar o impacto das alterações ambientais nestas associações”, disse ele.
Referência da notícia:
Suetsugu, K. et al. Relictithismia kimotsukiensis, a new genus and species of Thismiaceae from southern Japan with discussions on its phylogenetic relationship. Journal of Plant Research, 2024.