Sinal verde para a construção do ANDES, o principal instrumento do Extremely Large Telescope
É dado sinal verde para a construção do instrumento ANDES, um espectrógrafo carro-chefe do Extremely Large Telescope, que será o maior telescópio já construído.
O trabalho de fabricação daquele que será o maior telescópio já construído está progredindo em alta velocidade. Este não é um telescópio “grande”, mas sim “extremamente grande”. Na verdade, seu nome é Extremely Large Telescope, abreviado como ELT.
Construção avança em diversas frentes
Em primeiro lugar, a construção da cúpula que abrigará o telescópio está em fase avançada. Todo telescópio necessita de uma estrutura que o proteja dos agentes atmosféricos. No caso do ELT trata-se de uma estrutura de base circular com um diâmetro de aproximadamente 90 metros (um pouco menos que o comprimento de um estádio de futebol) e uma altura de cerca de 80 metros (quase a altura de um edifício de 30 andares).
Também está em andamento a construção do espelho primário, cuja função é coletar o máximo de luz possível dos objetos astronômicos que irá observar. Este espelho será composto por 798 espelhos hexagonais, cada um com aproximadamente 1,4 metros de largura, que, uma vez montados, formarão um único espelho de 39 metros de diâmetro.
Está sendo construído o suporte do telescópio, cuja função é sustentar o espelho e permitir sua movimentação para que possa apontar para diferentes áreas do céu.
Mas uma parte muito importante é a instrumentação que irá registrar adequadamente a luz coletada pelo telescópio, tanto para obter imagens dos objetos astronômicos observados (as câmeras imageadoras) quanto para analisar os componentes espectrais da radiação (os espectrógrafos).
No caso específico do ELT, serão 6 instrumentos montados atrás do telescópio, verdadeiras joias tecnológicas.
O espectrógrafo ANDES
Um destes instrumentos do ELT se chamará ANDES, abreviação de ArmazoNes High Dispersion Echelle Spectrograph.
ANDES é, portanto, um espectrógrafo cuja função é separar a radiação proveniente de um objeto astronômico em seus diferentes componentes espectrais. A técnica utilizada para dispersão será a “echelle”.
O ANDES poderá obter espectros nas faixas do visível e do infravermelho próximo, a partir de cuja análise será possível estudar características, como a composição química, de uma grande variedade de objetos astronômicos.
Ele será usado para monitorar as atmosferas de exoplanetas semelhantes à Terra em busca de sinais de vida. Será utilizado para procurar as primeiras estrelas, as famosas estrelas de População III que, segundo os modelos, deveriam ser compostas apenas por hidrogênio e hélio; e também testar variações nas constantes fundamentais da física e medir a aceleração da expansão do universo.
O consórcio ANDES
Ferramentas como o ANDES exigem a criação de grandes colaborações internacionais. De fato, foi criado um consórcio internacional no qual participam institutos de pesquisa de 13 países diferentes: 10 europeus e 3 estrangeiros (Estados Unidos, Canadá e Brasil).
No dia 5 de junho, o acordo foi assinado entre Xavier Barcons, diretor geral do European Southern Observatory (a organização da qual o ELT faz parte), e Roberto Ragazzoni, presidente do Instituto Nacional de Astrofísica da Itália (INAF), o instituto líder do consórcio ANDES.
Com este acordo, o ESO encomenda oficialmente ao consórcio a criação deste instrumento.
“O ANDES será um instrumento com enorme potencial para fazer descobertas científicas revolucionárias, que podem influenciar profundamente a nossa percepção do universo, muito além da pequena comunidade de cientistas”, diz Alessandro Marconi, pesquisador principal do instrumento.
O início da atividade científica do ELT está previsto para 2028.