Meninas vacinadas contra o HPV não apresentaram nenhum caso de câncer de colo de útero, segundo estudo escocês

O estudo populacional aconteceu na Escócia, com meninas de 12 a 13 anos vacinadas contra o HPV, em que não foram registrados nenhum caso de câncer invasivo de colo de útero. Confira mais resultados do estudo.

HPV
O estudo populacional na Escócia com meninas de 12 a 13 anos vacinadas contra o HPV destaca a proteção da vacina para essa faixa etária.

Um estudo populacional realizado na Escócia mostrou resultados surpreendentes da vacinação contra o HPV em meninas de 12 a 13 anos: nenhum caso de câncer de colo de útero invasivo foi registrado nessa população.

Ainda, meninas entre 14 e 22 anos, vacinadas com as três doses da vacina bivalente contra o HPV, apresentaram redução de riscos significativa, quando comparada com meninas da mesma faixa etária não vacinadas.

O estudo

O estudo analisou os dados do sistema escocês de rastreio de câncer de colo de útero, de mulheres nascidas entre 01 de janeiro de 1988 e 05 de junho de 1996. Os dados foram também relacionados se a paciente tinha sido imunizada contra o papilomavírus humano (HPV), entre outras variáveis.

A partir desses dados, foi realizado o cálculo da incidência de câncer de colo de útero invasivo por 100.000 pessoas-ano, segundo a publicação. Os dados de eficácia da vacina também foram analisados segundo a idade em que a vacinação ocorreu e quantas doses foram aplicadas, por exemplo.

Na Escócia, é utilizada uma vacina bivalente, contra as cepas 16 e 18, que conferem um maior risco para cânceres, tanto em homens, quanto em mulheres.

Resultados surpreendentes

Meninas vacinadas mesmo com uma ou duas doses com intervalo de 1 mês, apresentaram resultados surpreendentes de proteção contra o HPV, quando vacinadas entre os 12 e 13 anos. Isso porque a vacinação apresenta um efeito protetor maior antes do início da vida sexual, onde há riscos de ocorrer a primeira exposição ao HPV.

Para faixas etárias maiores, as três doses (regime completo) da vacina bivalente contra o HPV conferem uma proteção significativa, porém menor do que a vacinação aos 12-13 anos. O estudo destaca que mulheres de áreas mais desfavorecidas se beneficiam muito dessa vacinação, reforçando a necessidade de políticas públicas para ampliar o acesso à vacinação da população-alvo.

O HPV

O papilomavírus humano (HPV) é a infecção sexualmente transmissível (IST) mais frequente do mundo, segundo o Ministério da Saúde. Além de trazer riscos para o desenvolvimento de câncer de colo de útero, ele também favorece o desenvolvimento de câncer peniano e câncer anal. Dessa forma, tanto homens, quanto mulheres, precisam reduzir os riscos de exposição a esse vírus.

Recentemente, publicamos um dado alarmante entre os jovens brasileiros, com a detecção de infecção pelo HPV na região anal, como mostrado na publicação acima. A infecção pelo HPV não apresenta sintomas na maioria das pessoas, mas algumas infecções podem permanecer no organismo, trazendo riscos para lesões precursoras.

As regiões mais frequentemente acometidas são: vulva, vagina, colo do útero, região perianal, ânus, pênis (geralmente na glande), bolsa escrotal e/ou região pubiana.

Vacinação no Brasil

No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vacina tetravalente contra o HPV, que tem como alvo as cepas de maior risco (chamadas oncogênicas, 16 e 18), mas também as cepas 6 e 11, que estão associadas com verrugas genitais, por exemplo.

A vacinação é oferecida gratuitamente para todos os meninos e meninas de 9 a 14 anos. O esquema vacinal é de três doses e pode ser aplicado em qualquer Unidade de Saúde.

Ainda, a vacina contra o HPV pode ser distribuida gratuitamente pelo SUS para os seguintes casos:

  • Vítimas de abuso sexual de 9 a 14 anos ( homens e mulheres) que não tenham tomado a vacina HPV ou estejam com esquema incompleto administrar conforme a indicação da situação vacinal uma ou duas doses.
  • Vítimas de abuso sexual de 15 a 45 anos ( homens e mulheres) que não tenham tomado a vacina HPV ou estejam com esquema incompleto administrar conforme a indicação da situação vacinal , completando três doses da vacina HPV( 0,2,6 meses)
  • Meninas e meninos de 9 a 14 anos, com esquema de 2 doses. Adolescentes que receberem a primeira dose dessa vacina nessas idades , poderão tomar a segunda dose mesmo se ultrapassado os seis meses do intervalo preconizado, para não perder a chance de completar o seu esquema;
  • Mulheres e Homens que vivem com HIV, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos na faixa etária de 9 a 45 anos, com esquema de três doses ( 0,2,6 meses), independentemente da idade;

Para pessoas fora das faixas etárias preconizadas pelo SUS, é possível se vacinar por clínicas privadas.

Para pessoas sexualmente ativas, é importante ressaltar que, uma vez que o HPV é uma IST, o uso de preservativos nas relações sexuais é uma medida importante de prevenção contra esse vírus.