Missão OSIRIS-REx da NASA: 250 gramas de material do asteroide Bennu chegam à Terra
As amostras retiradas ao asteroide Bennu ajudarão a estudar o Sistema Solar e a preparar futuras missões de defesa planetária. Saiba mais aqui!
Foi um turbilhão de 10 minutos, mas a cápsula que contém 250 gramas de material do asteroide Bennu chegou ao deserto do Utah, nos EUA. São as amostras de poeira e rocha recolhidas em 20 de outubro de 2020 por uma nave espacial da NASA, a OSIRIS-REx, que foi lançada em setembro de 2016, culminando uma aventura de sete anos.
A nave espacial desviou então a sua trajetória para iniciar uma nova missão, a OSIRIS-APEX (OSIRIS-Apophis Explorer) para explorar o asteroide Apophis, que alcançará em 2029.
Entretanto, a cápsula que continha poeira e rocha do asteroide Bennu, e que entrou na atmosfera terrestre a 44.500 km/h às 16:42 de 24 de setembro, abrandou com a ajuda de dois paraquedas até aterrar no deserto.
A aterragem da cápsula e o procedimento após
A cápsula aterrou às 16:52, três minutos antes do previsto. Imediatamente, a equipa de salvamento destacada no campo de testes militares de Dugway foi recuperar a cápsula, cujo conteúdo ajudará a estudar as origens do nosso Sistema Solar e a preparar futuras missões de defesa planetária para desviar asteroides que possam constituir uma ameaça para o nosso planeta.
A próxima pessoa a aproximar-se foi um engenheiro da Lockheed Martin, que verificou o estado da cápsula e mediu os níveis de gás à sua volta, utilizando luvas resistentes ao calor (a cápsula estava quente depois de ter suportado temperaturas extremamente elevadas durante a sua interação com a atmosfera) e uma máscara de gás para se proteger de possíveis gases nocivos, como o dióxido de enxofre, que poderiam ter sido libertados caso a bateria da cápsula estivesse danificada. De acordo com a análise visual, a cápsula encontrava-se em bom estado.
O procedimento para minimizar as hipóteses de contaminação do valioso conteúdo do contentor em contato com a superfície da Terra foi testado exaustiva e extensivamente e incluiu a recolha de amostras (tanto de solo como de ar) da área de aterragem.
O engenheiro da Lockheed colocou coberturas nas aberturas de ventilação da cápsula, concebidas para deixar entrar o ar através de um filtro e ajustar a pressão no interior da cápsula durante a viagem espacial. Uma vez arrefecido, o contentor, que pesa cerca de 45 quilos, foi colocado numa caixa metálica e envolvido em várias camadas de material Teflon e numa lona.
Com um arnês, foi ligado a um cabo para ser transportado de helicóptero para uma sala limpa móvel na base de Utah. Nesta sala limpa, onde estavam apenas seis pessoas, verificaram o seu estado, abriram a cápsula, extraíram o contentor com a amostra e prepararam-na para ser transferida para o Centro Espacial Johnson da NASA, em Houston, que irá guardar a maior parte das amostras.
O que vai acontecer ao material recolhido?
O plano da NASA é que cerca de 20% do material da cápsula seja distribuído pelos mais de 200 cientistas que fazem parte da missão. A Agência Espacial Canadiana ficará com 4% e a agência japonesa, JAXA, com 0,5%. Uma pequena parte da amostra será também armazenada em White Sands, no Novo México, para ser guardada em segurança.
O resto, cerca de 70%, "será preservado para a posteridade, para quando estiverem disponíveis melhores instrumentos e para ser estudado por futuros cientistas", como explicou Lucas Paganini, cientista planetário da NASA.
Até agora, apenas o Japão tinha conseguido trazer material de um asteroide para a Terra, através da missão robótica Hayabusa 2, que em dezembro de 2020 trouxe 5,4 gramas de rochas e poeiras do asteroide Ryugu para o nosso planeta.