Moringa: conheça a planta com potencial medicinal e econômico que o mundo está redescobrindo
Um estudo publicado na Nature analisou três espécies de Moringa, destacando sua diversidade genética, compostos antioxidantes e importância medicinal. A pesquisa reforça a necessidade de conservação e o potencial econômico da planta no Brasil.
Um novo estudo publicado na revista Nature Scientific Reports destaca as incríveis características genéticas, químicas e morfológicas de três espécies de Moringa: Moringa oleifera, Moringa peregrina e Moringa stenopetala. A pesquisa foi conduzida por cientistas do Egito, Arábia Saudita e Estados Unidos e revela como essas espécies se diferenciam e se conectam geneticamente, além de mostrar o potencial medicinal e nutricional dessa planta tão valiosa.
A Moringa, frequentemente chamada de "árvore da vida", é amplamente utilizada em regiões tropicais e subtropicais devido às suas propriedades nutricionais e medicinais. O estudo combina métodos de análise morfológica, química e molecular para entender melhor essas espécies e propõe novas formas de conservação, dado o risco que algumas enfrentam devido ao desmatamento e uso excessivo.
Diversidade genética e características das espécies
Os pesquisadores analisaram as folhas e sementes das três espécies de Moringa e identificaram características únicas. Por exemplo, a Moringa peregrina tem folhas mais alongadas, enquanto a Moringa oleifera e a Moringa stenopetala possuem folhas ovaladas e mais largas. As sementes também variam em formato e cor: marrons e arredondadas na M. oleifera e brancas na M. stenopetala.
Além das diferenças visuais, os cientistas usaram análises genéticas para comprovar a proximidade entre M. oleifera e M. stenopetala, que compartilham mais de 95% de similaridade genética, enquanto a M. peregrina se mostrou mais distinta, com 84% de similaridade. Isso indica que, apesar de pertencerem ao mesmo gênero, essas espécies seguiram caminhos evolutivos diferentes.
Compostos químicos com alto potencial medicinal
Um dos achados mais relevantes do estudo foi a análise dos compostos químicos presentes nas folhas e sementes dessas plantas. Utilizando uma técnica chamada GC-MS, os pesquisadores descobriram que as três espécies possuem compostos antioxidantes, como 2-decenal e 2-undecenal, que ajudam a combater os radicais livres no corpo humano.
A Moringa peregrina se destacou pelo alto teor de compostos fenólicos (243 mg/100 g) e flavonoides, conhecidos por suas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes. Por outro lado, a Moringa oleifera apresentou níveis mais elevados de clorofila, importantes para a saúde cardiovascular e fortalecimento do sistema imunológico.
Importância para conservação e uso sustent��vel
O estudo também alertou sobre os riscos enfrentados pela Moringa peregrina, que está classificada como espécie vulnerável. A perda de habitat devido ao desmatamento, o sobrepastoreio e as mudanças climáticas colocam essa espécie em risco, exigindo medidas urgentes de conservação.
Os pesquisadores ressaltam a necessidade de proteger os locais onde essas plantas crescem naturalmente, promovendo a propagação e o uso sustentável dessas espécies. Isso não apenas preservaria a biodiversidade, mas também garantiria o aproveitamento dos benefícios nutricionais e medicinais que a Moringa oferece.
Um potencial imenso para o Brasil
No Brasil, a Moringa oleifera é a espécie mais conhecida e cultivada, especialmente em regiões semiáridas do Nordeste. Sua resistência à seca e rápido crescimento a tornam ideal para a produção de alimentos nutritivos, suplementação animal e até purificação de água. Pequenas propriedades já utilizam suas folhas e sementes para combater a desnutrição, um problema ainda presente em diversas comunidades.
Investimentos em pesquisa e conservação podem fortalecer o uso da planta no país, aliando saúde, desenvolvimento econômico e preservação ambiental.
O estudo reforça o papel essencial da Moringa como fonte de compostos bioativos e destaca sua importância para a saúde humana e para o meio ambiente. Com os resultados apresentados, os cientistas defendem que mais pesquisas sejam realizadas para explorar todo o potencial dessas espécies, tanto para a indústria farmacêutica quanto para a agricultura sustentável.
Preservar a Moringa não é apenas uma questão ecológica, mas também uma oportunidade de melhorar a qualidade de vida em diversas partes do mundo, incluindo o Brasil. A “árvore da vida” tem muito a oferecer, e estudos como este são passos importantes para garantir seu futuro.
Referência da noticia
Genetic, phytochemical and morphological identification and genetic diversity of selected Moringa species. 16 de dezembro, 2024. Hamada, F.A., Sabah, S.S., Mahdy, E.M. et al.