Nanopartículas de prata: uma revolução silenciosa na agricultura sustentável

Nanopartículas de prata biossintetizadas com metabolitos bacterianos oferecem uma solução sustentável para a agricultura, controlando fungos e bactérias prejudiciais, aumentando a produtividade e reduzindo o impacto ambiental, segundo estudo da Universidade San Pablo-CEU, na Espanha.

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Testes mostram a eficácia das nanopartículas contra fitopatógenos fúngicos e bacterianos, com inibição significativa do crescimento em culturas agrícolas.

A ciência avança a passos largos para encontrar soluções que combinem inovação e sustentabilidade, e um estudo recente conduzido pela Universidade San Pablo-CEU, na Espanha, oferece uma dessas promessas. Pesquisadores desenvolveram nanopartículas de prata (AgNP) utilizando um método inovador e ecológico: a biossíntese com metabolitos bacterianos.

Essas partículas, além de eficientes, têm o potencial de transformar a agricultura, ajudando a controlar doenças que afetam tanto a produtividade quanto a segurança alimentar global.

Os resultados do estudo são animadores. As nanopartículas, produzidas com o auxílio de uma bactéria promotora do crescimento de plantas (Pseudomonas sp. N5.12), demonstraram ser eficazes contra fitopatógenos fúngicos e bacterianos que representam grandes desafios para os agricultores. Mais impressionante ainda, as partículas mostraram um impacto positivo em culturas ameaçadas, como tomateiros e cebolas, proporcionando uma ferramenta poderosa e natural no combate às pragas agrícolas.

Tecnologia verde para o combate a pragas

O diferencial dessas nanopartículas está no método de produção. A biossíntese, um processo sustentável e de baixo impacto ambiental, utiliza metabolitos bacterianos para formar partículas de prata de tamanho nanométrico. Esse processo não apenas reduz a necessidade de compostos químicos nocivos, como também garante que as nanopartículas tenham propriedades únicas, como uma “coroa orgânica” formada pelos compostos bacterianos.

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O método biossintético reduz químicos nocivos e cria nanopartículas com uma 'coroa orgânica' única, ampliando sua eficácia e segurança.

Essa abordagem é especialmente relevante para a agricultura, onde o uso excessivo de pesticidas químicos tem causado sérios danos ao meio ambiente e à saúde humana.

As nanopartículas de prata se apresentam como uma alternativa promissora, pois controlam fitopatógenos sem os impactos negativos associados aos produtos químicos convencionais.

Em testes laboratoriais, as AgNP foram capazes de inibir em até 75% o crescimento de fungos como o Alternaria sp., que pode reduzir drasticamente a produtividade de culturas importantes.

Mais produção, menos impacto ambiental

A agricultura moderna enfrenta o desafio de aumentar a produtividade enquanto reduz o impacto ambiental. Esse estudo aponta que o uso de nanopartículas pode ser um divisor de águas nesse cenário. Por exemplo, as AgNP testadas mostraram eficiência significativa contra o Stemphylium sp., um fungo que pode destruir até 90% da colheita de cebolas. Além disso, as partículas também apresentaram ação contra bactérias como a Xanthomonas campestris, que afeta culturas como arroz e tomate.

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Controle eficaz de Alternaria sp; as nanopartículas de prata biossintetizadas inibem até 75% do crescimento do fungo, protegendo culturas agrícolas essenciais.

Com essas capacidades, as nanopartículas de prata têm o potencial de reduzir as perdas agrícolas de maneira sustentável, ajudando a garantir maior disponibilidade de alimentos. Essa tecnologia também é uma aliada no combate às mudanças climáticas, pois diminui a necessidade de práticas agrícolas agressivas que contribuem para a degradação do solo e a poluição dos recursos hídricos.

O futuro da agricultura sustentável

Além dos benefícios imediatos, o uso de nanopartículas de prata na agricultura pode abrir caminho para um futuro mais sustentável. O estudo destaca que essas partículas podem ser produzidas em larga escala utilizando subprodutos de indústrias de biofertilizantes, promovendo um modelo de economia circular.

Isso significa que resíduos antes descartados podem ser transformados em produtos de alto valor agregado, como as AgNP, ampliando os benefícios ambientais e econômicos.

Contudo, é essencial que essa tecnologia seja implementada com cautela. Estudos adicionais são necessários para avaliar os possíveis impactos no solo e nos ecossistemas agrícolas a longo prazo. Ainda assim, o potencial das nanopartículas de prata é inegável: elas representam uma ferramenta poderosa para ajudar a atender à crescente demanda por alimentos de forma sustentável e inovadora.

O desenvolvimento de nanopartículas de prata biossintetizadas marca um avanço importante na busca por soluções mais seguras e eficazes para a agricultura. Estudos como o da Universidade San Pablo-CEU mostram que é possível combinar ciência, sustentabilidade e inovação para enfrentar os desafios globais. Com a adoção dessas tecnologias, a agricultura poderá não apenas garantir alimentos para uma população em crescimento, mas também proteger o planeta para as futuras gerações.

Referência da notícia

Silver nanoparticles coated with metabolites of Pseudomonas sp. N5.12 inhibit bacterial pathogens and fungal phytopathogens. 9 de Janeiro, 2025. Plokhovska, S., García-Villaraco, A., Lucas, J.A. et al.