Nenhuma cidade nordestina está preparada para as mudanças climáticas
Um novo estudo analisou a relevância das questões climáticas em todos os estados do Nordeste e como as lideranças políticas locais estão abordando o problema. As conclusões indicam que, se a região não fizer nada nos próximos anos, pode ser uma das mais afetadas por catástrofes climáticas.
As mudanças climáticas são hoje consideradas um dos principais problemas socioambientais do planeta. Ainda assim, poucos países têm tomado ações eficientes em termos de combatê-las. Em parte, isso é entendível - Afinal, em um problema tão amplo, por onde devemos começar?
Agora, um artigo elaborado por pesquisadores da UFRN e da UNICAMP tentou, finalmente, traçar um panorama da situação no Brasil - Focando-se nos grandes centros urbanos que são grandes emissores de gases poluentes e, ao mesmo tempo, extremamente vulneráveis às mudanças climáticas.
Mais especificamente, os autores decidiram explorar as capitais da região Nordeste, altamente vulneráveis às mudanças climáticas em virtude de seus baixos índices de desenvolvimento socioeconômico. Além disso, a região é marcada pela presença de um bioma exclusivamente brasileiro, a Caatinga, e sofre com eventos extremos como estiagens prolongadas e inundações.
O Nordeste está preparado para enfrentar as mudanças climáticas?
O fato é que as iniciativas concretas direcionadas à solução dos problemas climáticos ainda são muito limitadas no país. Entre os pontos que os autores estudaram, podemos listar:
- Presença de inventário local de emissões de gases do efeito estufa
- Existência de plano local de mitigação e/ou adaptação
- Legislação municipal específica sobre mudanças climáticas
- Fórum ou comitê local sobre mudanças climáticas
- Plano diretor municipal que aborda as mudanças climáticas
- Plano, legislação ou projeto de lei de mobilidade urbana
- Legislação ou ação de infraestrutura verde
- Política pública ou ação de gestão de riscos climáticos
- Participação em redes transnacionais de cidades para mudanças climáticas
Os autores concluem, após análise extensa de documentos institucionais, jornalísticos e bibliográficos, que as capitais do Nordeste e seus governos locais ainda são ineficientes no sentido de políticas para combater as mudanças climáticas.
Num geral, Maceió foi a cidade que apresentou piores condições, tendo implementado pouquíssimas políticas capazes de abordar de alguma maneira as mudanças climáticas. Já Fortaleza, Recife e Salvador internalizaram as questões do clima com maior eficiência em suas agendas de governo.
As demais cidades investigadas pelos autores possuem, em níveis diferentes, algumas poucas obras ou políticas ligadas à adaptação climática, seja desenvolvendo leis, ações de redução de vulnerabilidade ou obras como enrocamento nas praias.
Com isso, os autores foram capazes de mapear e analisar as iniciativas desenvolvidas nessas cidades para enfrentar as mudanças climáticas, deixando listadas as deficiências de cada local para que sejam abordadas o mais rápido possível pelos seus respectivos governos.
Mas o estudo revela também uma verdade preocupante sobre nosso país: A questão das mudanças climáticas não possui ainda a devida relevância, e gera pouco comprometimento por parte das autoridades políticas locais. O Brasil ainda pode liderar o mundo neste quesito, mas precisará tomar medidas certas e com urgência nos próximos anos.