Nova espécie de escorpião que ‘pulveriza’ veneno é descoberta na Colômbia

Uma espécie muito rara de escorpião que ‘ejeta’ veneno sem a necessidade de picar a sua presa foi encontrada pela primeira vez na América do Sul: na Colômbia. Saiba aqui mais detalhes.

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O escorpião T. achilles é capaz de liberar veneno por meio de seu ferrão (imagem à esquerda), bem como ‘ejetar’ uma secreção venenosa (vista como manchas brancas no corpo do animal à direita). Imagem: Adaptado de Laborieux (2024).

O escorpião é um artrópode da classe dos aracnídeos, muito temido ao redor do mundo, e não é para menos… Algumas espécies possuem veneno letal que pode matar em pouco tempo; e eles fazem várias vítimas todos os anos. O que traz preocupação também é que são animais pequenos e se escondem, às vezes sendo difícil de enxergá-los claramente.

Atualmente existem cerca de 2.200 espécies de escorpiões conhecidas no mundo, vivendo tanto em florestas úmidas quanto em desertos. Destas, cerca de 160 ocorrem no Brasil.

E agora, um estudo publicado na revista Zoological Journal of the Linnean Society revelou a descoberta de uma nova espécie de escorpião que pulveriza seu veneno no ar como mecanismo de defesa, um comportamento raro entre esses aracnídeos. O animal foi encontrado na Colômbia. Veja abaixo mais detalhes da descoberta.

Mecanismo de defesa de “espirrar” veneno

A nova espécie, que foi batizada de Tityus achilles (T. achilles), tem a habilidade de 'pulverizar' o veneno no ar e esse comportamento já foi registrado anteriormente apenas em dois gêneros de escorpiões na América do Norte e na África; esta é a primeira vez que é encontrado em um escorpião na América do Sul. O animal foi descoberto em uma área montanhosa da floresta tropical de Magdelena, no departamento de Cundinamarca, em Bogotá.

Normalmente, os escorpiões injetam o veneno por meio de sua cauda, conhecida como metassoma, onde estão localizados o ferrão que inocula a substância e as glândulas que produzem o veneno.

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Anatomia da espécie de escorpião T. achilles. Imagem: Adaptado de Laborieux (2024).

Contudo, nessa espécie, o animal pode disparar um jato de veneno diante de seu predador, o que pode ser o suficiente para distraí-lo e detê-lo, permitindo assim que o aracnídeo escape — não necessariamente matando seu oponente.

Por isso, a função dessa pulverização de veneno seria de distrair o predador e não necessariamente matá-lo ou matar uma presa.

A estratégia é eficaz?

Segundo a pesquisa, essa estratégia pode ajudar o animal a escapar, porém, ela não é tão eficaz quanto a picada propriamente dita, já que o jato de veneno expelido pode não atingir o alvo desejado com precisão.

Essa técnica de espalhamento de toxinas já foi observada em outros organismos — por exemplo, em cobras que podem ‘cuspir’ veneno em seus adversários, em artrópodes, moluscos e mamíferos.

Além disso, Léo Laborieux, aluno da Universidade Ludwig Maximilian de Munique, na Alemanha, e autor do artigo, explicou em um comunicado que essas toxinas precisam atingir tecidos muito sensíveis para realmente fazer efeito. "E para que isso faça sentido, o predador tem que ser um vertebrado. As toxinas dificilmente penetrariam no exoesqueleto de outro invertebrado", disse ele.

É possível que essa pulverização seja uma espécie de ‘pré-veneno’, uma toxina liberada antes do veneno propriamente dito, o qual é bem mais potente, segundo o pesquisador.

E como o T. achilles também pode picar, naturalmente, é possível deduzir que a pulverização consiste em um mecanismo de defesa mais conservador. "A pulverização de veneno é uma estratégia inerentemente cara. Provavelmente há uma pressão de seleção muito intensa que faria com que o comportamento fosse mais vantajoso do que desvantajoso. Tem que haver algo acontecendo com os predadores no ambiente", finaliza Laborieux.

Referências da notícia

Biomechanics of venom delivery in South America’s first toxungen-spraying scorpion. 17 de dezembro, 2024. Léo Laborieux.

Scientists discover rare venom-spraying scorpion in Columbia. 21 de janeiro, 2025. Richard Pallardy.