Novo estudo revela vírus devastador que ameaça plantações de tomate no Brasil
Pesquisadores brasileiros identificam o Potato Virus Y (PVY) como a causa da doença "Mexican Fire" que ataca tomates, causando necrose severa e impactando a produção. A descoberta abre caminho para estratégias eficazes de controle e prevenção.

Nos últimos anos, agricultores brasileiros têm enfrentado um novo e preocupante desafio: a emergência de uma doença devastadora que ataca os pés de tomate. Chamado de Mexican Fire (fogo mexicano) o problema vem causando prejuízos significativos e ameaça a produção nacional. Um estudo recém-publicado na revista Tropical Plant Pathology por pesquisadores brasileiros confirmou que o Potato Virus Y (PVY) é o principal responsável por essa doença, trazendo novas informações cruciais para entender e combater essa ameaça.

O PVY, antes conhecido por afetar principalmente batatas, agora está impactando plantações de tomate em várias regiões do Brasil, principalmente no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. A doença provoca necrose severa nas folhas, reduzindo a capacidade fotossintética da planta e comprometendo sua produtividade. A descoberta do vírus como agente causal abre caminho para estratégias mais eficazes de controle e prevenção.
Como o vírus ataca os tomateiros?
A pesquisa revelou que o PVY se espalha rapidamente pelas lavouras, sendo transmitido por pulgões, insetos comuns em plantações agrícolas. O estudo identificou que as folhas medianas das plantas são as primeiras a apresentar manchas necróticas, que começam na parte inferior e avançam para a superior, deixando as folhas queimadas e enfraquecendo a planta.

Os sintomas aparecem cerca de duas semanas após a infecção, dificultando a detecção precoce da doença. Além disso, o vírus pode estar presente em folhas aparentemente saudáveis, o que reforça a necessidade de monitoramento constante e diagnóstico preciso para evitar a disseminação da praga.
Fontes de infecção: onde o perigo se esconde
Uma das descobertas mais alarmantes do estudo foi a importância das plantações vizinhas na propagação do PVY. Os pesquisadores observaram que campos de tomate antigos e plantações de milho próximas atuam como reservatórios do vírus e de seus vetores.
Essa dinâmica reforça a necessidade de controle rigoroso e medidas preventivas para impedir a proliferação do PVY em novas áreas de cultivo.
O que pode ser feito para evitar a doença?
O estudo destaca que uma das estratégias mais eficazes para reduzir o impacto do PVY é evitar o plantio próximo a áreas já infectadas e adotar cultivares resistentes ao vírus. No entanto, os pesquisadores alertam que muitas das variedades híbridas comerciais cultivadas hoje no Brasil não têm informações claras sobre resistência ao PVY.

Outra recomendação é investir no controle de pulgões, principais vetores do vírus, utilizando barreiras naturais, manejo integrado de pragas e, se necessário, defensivos agrícolas específicos. Além disso, a eliminação rápida de plantas doentes pode ajudar a conter a propagação do vírus, protegendo as demais lavouras.
Um alerta para a produção de tomate no Brasil
A emergência do PVY como uma ameaça significativa para os tomateiros brasileiros exige atenção redobrada dos produtores e pesquisadores. Sem medidas adequadas de controle, o vírus pode continuar se espalhando e comprometer a produção nacional de tomate, impactando tanto agricultores quanto consumidores.
O estudo recém-publicado na Tropical Plant Pathology representa um avanço importante para o entendimento da doença e fornece orientações valiosas para combater sua disseminação. O próximo passo será testar cultivares comerciais para avaliar sua resistência ao vírus e desenvolver estratégias de controle mais eficientes para garantir a segurança da produção de tomate no Brasil.
Referência da notícia
Emergence of potato virus Y outbreaks in tomatoes in Brazil, the disease and spread. 3 de fevereiro, 2025. Lucena, V.S., Nakasu, E.Y.T., Pereira, J.L. et al.